VERAcidade

Vera Botta (*)

Por trás do voto,

a escolha do país

que queremos

Semana decisiva para a política brasileira, para o futuro do Brasil, para o nosso futuro. Muitas vezes é difícil até mesmo pensar com a mídia alardeando jogos perigosos, fomentando a concepção de que a política está inevitavelmente degradada, sem perspectivas. Vivemos uma situação de boatos, à espreita de movimentos espetaculares que possam mudar o curso das escolhas legítimas dos cidadãos. Estranha forma de esperar o coroamento de um processo democrático!!! Convívio forçado com informações desencontradas, semeando a funesta sensação de que o voto deixou de ser uma conquista e um exercício fundamental de participação popular… Na contramão desta prática que tem aguçado o imaginário da população, proponho-me a valorizar nosso voto, nossas escolhas, em respeito aos compromissos que tenho firmado em minha trajetória de professora, de militante de um partido político, de cidadã que optou por servir à coletividade… muitas vezes em detrimento da própria vida pessoal.

Mais do que nunca,

é preciso separar

o joio do trigo

Sem dúvida, o PT cometeu erros. Falamos várias vezes sobre eles… Sem ser através da cortina de fumaça que parece pautar o revanchismo, o caráter rancoroso da denúncia. Como se a corrupção não estivesse lamentavelmente presente em toda nossa história política. A oposição à candidatura Lula recorre ao tema corrupção, não pela crítica a sua prática, pois parte da oposição é, ela mesma, corrupta. Essa crítica parece ser motivada pela incapacidade de atacar o governo Lula de outra maneira. Se fosse pelo combate à corrupção, o Estado de São Paulo não teria reabilitado politicamente o Sr. Paulo Maluf com a maior votação para deputado federal do país. Durma-se com um barulho desses!!! Pouco se diz que nunca se investigou tanto como no atual governo. Em tempos passados, não remotos, nos deparamos com escândalos que foram engavetados… Do mesmo modo como o foram os quase 70 pedidos de CPI no governo recente de São Paulo. Com isso, não quero, sob nenhuma hipótese, aceitar que a corrupção deva ser naturalizada, pois faz parte da política. Não é não!!! A prática de ações delituosas por alguns dirigentes do PT é inadmissível. Tudo que não está ainda esclarecido deve sê-lo e rigorosamente punido, ao contrário do que aconteceu em outros governos.

Tem muito mais

A Coluna pergunta: por que o tom discriminatório utilizado na crítica ao governo Lula?? Infelizmente, por raízes que atravessam nossa história. Lula é nordestino, tem baixa escolaridade, não corresponde ao padrão idealizado do bom administrador. Talvez sejam estas razões que explicam a crítica ao Presidente feita por imagens em que aparece a mão que lhe falta um dos dedos. Lamentável e covarde atitude daqueles que se escondem…em práticas odiosas de preconceito expressas em risos, em caras de nojo, em atitudes rancorosas de rejeição. Como se os acidentes de trabalho não acompanhassem, infelizmente, o dia a dia dos operários…o que não anula o valor do seu trabalho, sua capacidade de transformar, pelas mãos.

Mãos que têm

mudado o país

Com certeza, é muito significativa a redução de quase um quarto do número de brasileiros pobres que não ganham o suficiente para satisfazer suas necessidades básicas. Não quero, com isso, dizer que Lula inventou políticas. O Bolsa-Família é a junção de vários programas criados em governos anteriores, aos quais somou o cartão-alimentação. O governo Lula aumentou o seu valor e expandiu sua abrangência. Redução da pobreza pode interessar pouco ou muito. Depende da ótica pelo qual vemos o mundo. Recorro a Leonardo Boff na interpretação que faz de Casa Grande e Senzala de Gilberto Freyre para o Brasil de hoje. ” Essas duas figuras sociais superadas historicamente, ainda perduram introjetadas nas mentes e nos hábitos, especialmente de nossas elites dominantes. Elas ainda se consideram as donas do Brasil com exígua sensibilidade pelo drama dos pobres” (24/10/2006). Sem dúvida, os que nunca modificaram as práticas da Casa Grande não podem mesmo se sensibilizar pela inteligência de Lula, pela sua incrível capacidade de ir ao coração dos problemas, sabendo formulá-los sem ser pelo crivo do jargão científico.

Ainda há muito por fazer

Reconheço, como muitos o fazem, que se fez pouco em termos de reforma política e tributária. Inegavelmente, o PT precisa repensar o seu lugar no projeto nacional e lutar para serem postas em prática as urgentes reformas que o Brasil necessita. Quero também dizer que voto em Lula sem medo de ser feliz. Por acreditar que muito do que foi feito na Presidência tem valido a pena… Por ter certeza de que é sempre possível refazer caminhos, ainda que a roda do moinho deixe a impressão de que nada sai do lugar, de que tudo gira em um mesmo ponto. Porque continuo a sonhar, mesmo porque se desistirmos dos sonhos, nada mais valerá a pena. Porque minha filosofia de vida é de que para viver de verdade é preciso ter esperança. Muita esperança!!! Por incontáveis razões emocionais e lógicas, voto em Lula… sem medo. Com a convicção de que podemos avançar para um Brasil melhor.

A Coluna fica por aqui. Desejando a todos um bom domingo, que possa coroar um processo de amadurecimento político. Que vença a democracia!!! Boa semana a todos.

Um recadinho otimista: a Central de Atendimento Ambiental 0800.7740440 está funcionando. Defenda o Meio Ambiente. Até a próxima!!!

(*) vbotta@techs.com.br (Coordenadora do Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente da Uniara)

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