VeraCidade

Vera Botta (*)

O feliz casamento entre o lixo e a cidadania

A coleta seletiva começou nesta 2ª feira. Um misto de expectativa, de alegria por ter chegado o dia esperado era visível na expressão de todos. Dos catadores, do motorista, dos participantes do Conselho Gestor…Foi preciso remover muitas pedras. Foi preciso muita vontade… Num tempo de dificuldades orçamentárias, o pouco vira muito e poderíamos simplesmente ter adiado o projeto. Mas, a união do grupo, das Secretarias de Desenvolvimento Urbano, do Desenvolvimento Econômico, de Obras, do DAAE, o apoio e entusiasmo da Secretaria de Governo e a firmeza de decisão da Acácia foram fundamentais… Não fizemos como muitos que se acostumam à poluição, à morte lenta dos rios, às mutilações sofridas por famílias inteiras, incluindo crianças e adolescentes que vivem no e do lixo… Recomeçamos na região do Carmo, incluindo os bairros do São José, Morumbi, parte do Centro, Santana, Quitandinha… Com ânimo redobrado. Caminhão novo e muita vontade de acertar!!!

A população tem dito Presente

Em 3 dias foram coletadas quase 2 toneladas. É pouco dirão alguns…se pensarmos que Araraquara produz 140 toneladas por dia de lixo…Mas, temos metas e vamos trabalhar muito para atingi-las. Para 2006, queremos chegar a 7 toneladas por dia, o que equivale a 5% do total produzido, índice superior à média nacional que está em 2%. Infelizmente, a atitude do país em relação ao tratamento de lixo ainda é de Terceiro Mundo. Alguns dados assustam quando sentimos a dimensão do descaso com a natureza. A população araraquarense está dando mostras de querer colaborar…para ter melhor qualidade de vida… Não há dinheiro capaz de substituir ganhos ambientais… E os catadores, depois de uma jornada..cansados, mas com um brilho especial nos olhos têm mostrado que é possível conciliar cidadania e lixo… Sonhar mais um sonho possível!!!

Dia 25: homens e mulheres contra a violência

Pesquisa realizada pelo Ibope Opinião na população brasileira alerta que homens e mulheres reconhecem que a violência contra a mulher, tanto dentro como fora de casa é o problema que mais preocupa as brasileiras na atualidade. Pasmem!!! 50% destacam a violência doméstica!!! Do total dos entrevistados, 91% consideram muito grave o fato de mulheres serem agredidas por companheiros e maridos, atestando que se trata de uma violação aos direitos humanos. As conseqüências da violência são das mais profundas, indo além da saúde e da felicidade individual e afetando o bem estar da comunidade inteira. Estima-se que mais da metade das mulheres agredidas sofrem caladas e não pedem ajuda. Por que???Muitas sentem vergonha, dependem emocionalmente ou financeiramente do agressor. E também tem aquela idéia infeliz do “ruim com ele, pior sem ele”. O que fazer??? Reforçar a luta do Centro de Referência das Mulheres de Araraquara e mostrar, em palavras e atos, cotidianamente que a violência é crime e, como tal, deve ser tratada.

É preciso ler além dos números

A cada 4 minutos, uma mulher é agredida em seu próprio lar por uma pessoa com quem mantém relação de afeto. As estatísticas disponíveis demonstram que o agressor é o próprio marido ou companheiro. Mais de 40% das violências resultam em lesões corporais graves decorrentes de socos, tapas, chutes, queimaduras, espancamentos e estrangulamento. O Brasil é o país que mais sofre com a violência domestica, perdendo cerca de 10,5% do seu PIB. Triste realidade que vai na contramão da cidadania!!!

Por que marcar o 25 de novembro

Por um terrível e triplo assassinato. De três irmãs, Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabel que ousaram dizer não à repressão da ditadura da República Dominicana em 1960. Assassinato dissimulado em acidente de carro!!! Vamos reforçar a luta pelo reconhecimento dos direitos humanos das mulheres!!! Dizendo não e agindo contra a violência!!! Como falar em direitos com tamanha violência???

Para sua reflexão

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial do ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À morte lenta dos rios. E se acostuma a não ouvir os passarinhos, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisa demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no final de semana. A gente se acostuma, para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridos, sangrentos, para esquivar-se da faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos as gasta, e que, de tanto, se acostumar, se perde de si mesma”, de Marina Colasanti.

A Coluna convida os leitores a não se acostumar com a violência e com os golpes à cidadania!!! Igualmente convida a população a ser uma firme parceira na Coleta Seletiva Solidária!!! Vamos mostrar que podemos ter uma Morada do Sol mais saudável!!! Boa semana a todos. Até a próxima!!!

(*) É pesquisadora da Uniara e colaboradora do JA.

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