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VeraCidade

Vera Botta (*)

O desafio está lançado. Mãos à obra!!!

A atual crise política tem exposto personagens e situações inimagináveis. O ideário do PT vem sendo duramente contestado, em clima de comemoração para uns que, do alto pedestal acusam, sem olhar as próprias práticas e de tristeza e desalento, para outros. Será que a ética, a defesa de uma forma diferenciada de se fazer política foram definitivamente enterradas??? Nunca acreditei nisso, nem nos argumentos dos que insistentemente ditavam as regras de uma cerimônia fúnebre para o PT. Sempre mantive a esperança, sem afastar a defesa incondicional da justiça e da ética. Tenho pensado muito em nossa história. Na dedicação de muitos companheiros de toda uma vida. No desvio de rotas de outros que talvez tenham começado a lidar com o poder como um fim em si mesmo. Situações que têm me levado a repensar, valorizar escolhas, defender que tudo deve ser passado a limpo…Em uma operação de garimpo que não deixe margem à manipulação ou a maquiagens de investigação do tipo “faz de conta”.

Há conquistas a ser preservadas….

Aparentemente, um pequeno núcleo dirigente do PT parece ter conseguido, em pouco tempo, o que a direita não havia conseguido em décadas, nem nos anos sombrios da ditadura: desmoralizar a esquerda. Isto não poderia ser usado para desconstruir conquistas, avanços, toda uma história de lutas… Aos sinais iniciais de desalento, sobrepôs-se a esperança de rever rotas, de defender a crítica e a auto-crítica, como parte da retomada da ética e do legado do PT.

E daí, o que fazer???

Tomo de empréstimo sábias palavras de Frei Betto “Não é o poder, a vitória, o lapidar cartesiano das ideologias que movem meus passos”… É a vontade de lutar pela minha cidade… “a razão dessa invencível teimosia em juntar cacos, costurar retalhos, começar de novo, refazer o caminho, ainda que a roda do moinho deixe a impressão de que nada sai do lugar, tudo gira em torno de um mesmo ponto”… Neste processo difícil, a decisão de candidatar-me à presidência do PT como porta voz de um grupo que quer rever práticas e defender um projeto transformador para a cidade que amamos não foi tomada por vaidades pessoais. Fui movida pelo compromisso de conduzir, com os demais companheiros, um amplo processo de mudança de nosso partido. Pela convicção de que era preciso dar respostas qualificadas à militância e à sociedade…

O que significa ganhar a presidência do PT???

A defesa do diálogo, do debate, das mudanças de práticas valeu a pena. Nossa reiterada tese da necessidade do Partido ser o agente coletivo formulador e construtor de militância política, nossa insistência em debater a relação partido/governo de forma qualificada, com canais estruturados e legitimados de interlocução não podem ser retóricas. Não foram palavras que podem ser levadas ao vento. São expressão de um compromisso, da vontade de retomar elos de ligação com os militantes e, o mais importante, defender um projeto para a cidade que efetivamente traga mudanças. A presidência, neste momento, nos impõe desafios que, com certeza, não podem ser enfrentados sectária e autoritariamente. Nem isoladamente. Quero compartilhá-los com a Executiva, com o Diretório, com a militância, levando às últimas conseqüências o princípio da democracia interna. Sem diálogo e auto-crítica, não se avança. Sem propostas alternativas, o PT vai reproduzir velhas práticas. Por isso, mãos à obra!!!

O que se sinaliza o resultado???

O comparecimento de 334 filiados às eleições do Diretório foi acima das expectativas. Além dos números, da crítica a algumas práticas que condenamos – pela defesa incondicional da liberdade de escolha e de decisão – prevaleceu a vontade de participar…Talvez, a esperança de novamente ver brilhar a estrela do PT. Talvez a convicção de que a crise sombria possa ter dado a todos nós lições…Talvez alguns sinais de alerta e a demonstração de que se quer continuar trabalhando por um mundo e uma sociedade mais fraterna. A vitória por 2 votos reafirma um equilíbrio de forças internas. Temos claro que se quisermos fazer desta vitória a reprodução de novos muros de Berlim, estaremos retrocedendo. Não estamos inebriados, nem deslumbrados, apenas convencidos de que a defesa do poder a qualquer preço é nefasta. Não há tendências, nem divisões internas quando se quer pôr em práticas mudanças e quando existe vontade de, apesar dos obstáculos, avançar.

Aos parceiros de caminhada

Os corajosos companheiros que estiveram conosco neste processo das eleições têm me dado, de diferentes maneiras, demonstrações de que, se houver uma semente de esperança, mesmo que ela seja pequena como o grão de mostarda, a cidadania e a mudança podem prosperar…sem prejuízo da ética e dos bons princípios. A todos os que depositaram confiança em mim, quero agradecer. De maneira especial à Edna, ao Vermelho, ao Antonio, ao André, ao Edimilson, representantes de grupos distintos que têm, em comum, elos dos quais compartilho, ao defender, na política concreta, o caminho das mudanças. Com esperança. A toda comunidade petista, nossa vontade explícita de tê-los juntos, nos momentos de consenso e de divergência, pois os desafios são muitos. Aos que me cumprimentaram com uma palavra de carinho e alento, minha gratidão. É bom sentir solidariedade!!!

A Coluna fica por aqui. A primavera chegou!!! E a chuva veio suave e mansa!!! Boa semana a todos e até a próxima!!!

(*) É pesquisadora da Uniara e colaboradora do JA.

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