Vera Botta (*)
Neste novembro, lutas e conquistas dão o tom
Novembro está indo embora. No ar, o desejo de que as manifestações realizadas durante o mês não sejam apenas como um cronograma de eventos, mas se transformem em diretrizes de políticas públicas a serem cumpridas. O mês foi marcado por muitas comemorações dirigidas à comunidade negra e o dia 25 em especial, lembrado como o “Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher”. Tivemos a honra de ter novamente entre nós a Profª Drª Heleieth Iara Bongiovani Saffioti, socióloga de vanguarda nos estudos brasileiros voltados à violência de gênero, a qual terei a honra e o privilégio de homenagear no próximo dia 11 com o título de cidadã araraquarense. Sua palestra sobre a violência contra as mulheres mostrou fatos e maus tratos. A Coluna pergunta: como anda a violência?
Impactos cruéis da violência
Infelizmente, os números ainda são assustadores!! As mulheres são vitimadas em todos os campos da violência, Tapas, socos, chutes, empurrões, estrangulamentos, queimaduras, ameaças com arma branca ou de fogo, perfurações, cortes, mordidas, contusões, esfolamentos, fraturas, dentes quebrados e torturas compõem o triste itinerário enfrentado por mulheres vítimas de agressões, por parte de parceiros ou ex-parceiros. A violência física é uma das expressões extremas da crueza e profundidade do problema. Contrariando o senso comum, as pesquisas indicam que o lugar menos seguro para a mulher é a sua própria casa. A mulher sofre violência de classe quando pertence às classes menos favorecidas, violência racial, quando não é branca, e a múltipla quando esta é negra e pobre. Com a palavra, os poderes! Políticas Públicas são absolutamente necessárias neste circuito perverso!!!
A violência está aqui e em todo mundo
Pesquisas da Organização Mundial de Saúde e da Universidade de São Paulo mostram que as mulheres agredidas por seus atuais e ex-parceiros adoecem mais. Além das lesões decorrentes das pancadas, apresentam seqüelas para o resto da vida como insônia, problemas de concentração e tonturas, abortos, alcoolismo e tentativas de suicídio, tornando-se a violência doméstica um problema de saúde pública.
Dados da Fundação Perseu Abramo mostram que no Brasil, no insignificante tempo de 15 segundos uma mulher é agredida, o que resulta no total de 5.760 mulheres espancadas por dia. Precisamos urgentemente travar uma luta em todas as frentes, contra os preconceitos, estereótipos e tabus que contribuem para difundir uma visão de subalternidade da mulher. Esta luta é minha, é sua, é de todas as mulheres e também dos homens que querem efetivamente uma sociedade mais igualitária!!
Araraquara dá passos no caminho certo
De parabéns está o Centro de Referência da Mulher. Sua conduta exemplar de atuação nos atendimentos vem dando cada vez mais dignidade e autoconfiança às nossas mulheres. A conquista da Casa Abrigo reflete-se não só na preservação da entidade familiar, mas fundamentalmente na proteção dessas mulheres que querem, acima de tudo, sentir-se seguras e não ameaçadas. O número de 41 atendimentos no seu tempo de funcionamento é alto, mas não reflete o cotidiano da violência doméstica. Sabemos que muitas mulheres não fazem denúncias por constrangimentos e medos, que nada têm de idealizados. O que fazer? Entre ficar no lamento ou lutar pela ampliação de política em nossa cidade, fico com a segunda alternativa. Mulheres e homens de nossa terra, vamos enterrar de vez a infeliz idéia de que machismo pode ser considerado um troféu!!
Longa vida para ACÁCIA
A Associação dos Trabalhadores de Materiais Recicláveis de Araraquara -ACÁCIA – está em festa. Comemorou na última quinta-feira, 3 anos de vida de uma bem plantada sementeira. Um grupo de pessoas valentes vem mostrando desde 2001 que é possível reverter os olhares preconceituosos dirigidos às pessoas que trabalham com lixo. Com muito esforço pessoal e muitos atalhos no percurso, tem dado lições de cidadania. No abraço solidário à Lena, nossa guerreira, o reconhecimento da Coluna! É assim que efetivamente se constrói o futuro!
Na próxima semana, a Coluna volta a comentar o tumultuado apagar das luzes de nossa Câmara. Em tempo, cumprimentos a Sinézio Inácio da Silva Jr, gestor de projetos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, pela significativa participação no Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA). Alimentos produzidos em nossa cidade para a merenda escolar começam a ser um sonho realizado! A Coluna fica por aqui! Boa semana a todos e até a próxima!
(*) É vereadora pelo PT e pesquisadora da Uniara.