Luiz Carlos Bedran (*)
Parece inacreditável ainda existir nos dias de hoje pessoas de bem que se dispõem a se reunir para tentar entender as razões pelas quais as novas gerações estão desnorteadas e, ao mesmo tempo, tentar conduzi-las para, ao que consideram, o bom caminho.
É que tais reuniões não costumam ser divulgadas pela mídia e por isso parecem inexistentes. Mas, não só existem, como são bem atuantes na sociedade. Tais pessoas fazem parte daquilo que um presidente norte-americano denominou de a maioria silenciosa, que fica fora propositadamente dos holofotes.
E a preocupação delas é com os rumos por que a juventude de nosso país está se dirigindo, com a crise daqueles valores, caros à sociedade, até então considerados como corretos pela nossa geração.
Porque parece que não há mais limites, pois tudo agora é permitido. Mas, quais seriam esses valores? Família, convívio pacífico em sociedade, cidadania, trabalho como luta pela sobrevivência, a política direcionada ao bem estar social, enfim, tudo aquilo que é considerado necessário e importante para o desenvolvimento de uma nação.
Dizem eles que a família está desestruturada, com os pais divorciados ou separados, brigas conjugais que obviamente não podem servir como exemplo para os filhos. Basta ver os índices de divórcios nas Varas de Família, superando até mesmo os casamentos estáveis e a família tradicional.
Falta o emprego digno, ou melhor, está cada vez mais difícil ao jovem encontrar boas oportunidades de trabalho, fruto de uma política governamental, mais assistencialista do que propriamente criadora de empregos. A política educacional do Estado, de um modo geral, ao invés de criar condições aos jovens para que eles possam se desenvolver plenamente em sociedade, ao contrário, enfatiza a luta pela vida, passando por cima de tudo e sobre todos. Que se deve levar vantagem em tudo, a qualquer preço. Privilegia-se o consumo excessivo, onde quase tudo pode ser considerado como descartável. A mídia, ao invés de educar, como deveria, deseduca. Basta observar os programas de televisão, onde o lixo moral é guindado como exemplo. Ou seja, aqueles valores, considerados tradicionais e corretos, são descartados como obsoletos.
Muito embora sempre haja existido o chamado choque de gerações, observa-se hoje um recrudescimento dos valores mais deletérios à sociedade. Daí a extrema preocupação da chamada maioria silenciosa, que não se conforma com o atual status quo, da qual a política, que deveria ser o melhor governo do e para o bem estar social, está comprometida, negativamente, até o pescoço. Apesar do pessimismo que paira sobre a mente das pessoas de bem, mesmo assim, há laivos de esperança que devem ser valorizados, porque caso contrário, seria o caos total. E é isso que devemos ter, esperanças, e, sobretudo, lutar para valorizar as nossas instituições.
Os valores, em crise, poderiam até mesmo servir de pretexto para que todos nós possamos reavaliar os nossos conceitos e não se deixar levar para o desânimo absoluto. Por isso a necessidade de uma reação, como a que está sendo tomada pelas pessoas de bem, nessas reuniões altamente gratificantes.
(*) Advogado e colaborador do J.A.