Um cronista popular

Frases pinçadas de 1993

O Nhô Pedro emprestou sua voz e sua perspicácia ao leitor, ao focalizar temas de importância.

Elogiou alguns e criticou muitos. Nhô Pedro sempre defendeu um mundo melhor, mais fraterno.

“Havia uma raposa, digo, um deputado recém eleito que queria ser prefeito. Ao passar por um poço profundo viu uma lua refletida, que lhe pareceu um queijo, bem maior do que aquele que o elegeu. Viu diante de si uma massa de eleitores futuros e abandonou os que lhe tinham votado”.

Edição nº 5 de 02 de março de 1993

– Nhô Pedro, que história é essa, o senhor cobrando promessas, intenções, ainda estamos cheirando eleições, não devemos dar tempo aos novos administradores?

– Sei não. Estou usando o meu direito de cidadão e eleitor.

Edição nº 6 de 09 de março de 1993

Vá reclamar com o bispo!

– Por que o bispo Nhô Pedro, se a santa terrinha nunca teve bispado?

– O município vizinho foi o escolhido. Lá o povo é ungido pela Santa Sé, deve ser pelo excesso de fé.

Edição nº 7 de 16 de março de 1993

– Nhô Pedro, o senhor acredita em ficção?

– Claro, sou do tempo Flash Gordon e suas naves espaciais.

Edição nº 8 de 23 de março de 1993

– Nhô Pedro, o que é ser dentista de 1ª e de 2ª?

– O velho até chorou com a brincadeira e soltou a língua maldita e suas desditas.

Edição nº 9 de 30 de março de 1993

– Nhô Pedro, e a merenda escolar? O senhor não quer falar da fartura, do desperdício ou até mesmo da prefeitura?

– Bom…há merendas e merendas.

Edição nº 10 de 06 de abril de 1993

– Nhô Pedro, o Teatro Municipal tem dono? É do prefeito, do vereador, do secretário, do escriturário, diretor?

– O Municipal é do povo, construído pelo povo, mantido pelo povo, e não assistido pelo povo.

Edição nº 11 de 13 de abril de 1993

– Nhô Pedro, o senhor votou no tal plebiscito?

– A minha empregada doméstica votou no rei. Ela queria ser dama da corte, que come e bebe do melhor, se veste com as roupas da rainha, não assina ponto, nunca chega na hora de trabalhar, tem poucas qualidades e muitos defeitos, mas tem uma infinidade de direitos.

Edição nº 13 de 27 de abril de 1993

– Por que esta carranca? O senhor paga imposto de renda ou sonega?

– Como sonegar se nem tenho propriedades, nem renda. O que recebo do Estado e da mísera aposentadoria, vem tudo contado e marcado e os dois só têm me tirado e me empobrecido. Há muita coisa que há muito tempo tento compreender, mais nem encontro quem possa me explicar.

Edição nº 14 de 04 de maio de 1993

“De nada adiantou todo o meu sacrifício de preservação de peixes, durante todos estes anos. Em apenas uma hora as usinas matam milhares com uma só descarga de dejetos”.

Edição nº 15 de 11 de maio de 1993

“Há deputados que nunca deveriam ser votados, como aquele que derrubou a grande obra de arte que era o nosso Teatro Municipal e mandou construir esta enorme estrutura de aço, areia, cimento e cal. Quantos milhões foram gastos inútilmente?

Edição nº 16 de 18 de maio de 1993

Frases das últimas crônicas

“Eu tenho meus 72 de vivência, cooperei com tudo o que o estado pediu, com a maior boa vontade.

Fiz o exército, fui cirurgião dentista de crianças excepcionais e mulheres grávidas de favelas, graciosamente. Trabalhei em eleições, prestei uma infinidade de serviços ao estado, 52 anos de carta de motorista e nunca fui multado ou chamado a atenção por esse Brasil afora.

Em Araraquara me deram duas multas na caderneta sem sequer avisar. Quem me multou estava escondido ou multando um carro cópia do meu, o que é muito comum neste país, pois eu nunca andei sem cinto de segurança e fui multado por não estar com ele.

A outra multa na mesma data é tão absurda quanto a primeira.

Todos nós estamos errados, somente os agentes do prefeito estão certos”.

Edição nº 603 de 29 de agosto de 2004

“Vivi até ontem num mundo encantado, quase sem violência, descrente de todas as maldades terrenas, grandes e pequenas. Via os pássaros cantando e se amando, os nossos animais tão tenros e que nos faziam festas”.

Edição nº 601 de 15 de agosto de 2004

“Você sabe que eu te amo ainda, depois de trinta anos de convivência. Passamos por boas e más, mas teus pequenos filhos foram todos formados”.

Edição nº 584 de 18 de abril de 2004

“Solidão é uma terrível doença humana intragável e não nos deixa um segundo sequer, como a mulher que nem te ama e dorme na sua cama”.

Edição nº 583 de 11 de abril de 2004.

Obrigado, Nhô Pedro

Pelas lições da vida, pela presença amiga, pela fumaça fraternal e amor em cada crônica.

Nós do JA homenageamos sua caminhada e acreditamos em sua energia transformada e luminosa. Fique com Deus!

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