Terezinha Bellote Chaman (*)
"… o caminho se faz caminhando".
Como tudo começou…
Era primavera. Júlia e José esperavam ansiosamente um fruto de seu amor. Seria o terceiro, o terceiro de seis filhos que planejaram ter, embora o sonho não tenha se completado, já que mamãe teve, na quinta gravidez, um problema na válvula mitral. Salvas foram, por milagre, Júlia e Eliana. A terra grávida explodia em flores, era primavera. No ventre, o fruto queria ver o sol. Em Araraquara, estado de São Paulo, aos 24 dias de setembro, eis que, de parto normal e em casa, nasce Terezinha. Papai torcia por um menino, que insistia em não aparecer. Mamãe era uma mulher doce e sensitiva. Profetizou, ao perceber o desapontamento de José: "Esta menina vai ser muito necessária", como que antevendo o futuro… Mas fui muito amada por eles e amei-os demais, procurando sempre oferecer o melhor de mim, quer seja na alegria ou na dor. Todos os anos, na primavera, sinto-me renascer, renascer de alma e corpo. Sinto-me em sintonia com a terra grávida, onde se precisa caminhar com cuidado, com muito cuidado, para não feri-la, não incomodar seu belíssimo trabalho de nos encantar com suas mil-cores. E fico a pensar: como pode uma terra tão escura explodir em tantas cores? E o céu, com seu azul tão azul, o sol, com seus infinitos raios, a lua, especialmente a cheia, boião de leite a nos espiar e a nos acompanhar. Ah! Já me ia esquecendo dos ipês amarelos.Quanta luz, quanta beleza, quanta força no amarelo luminoso de suas flores… Assim é Terezinha, mais espírito e reflexão que matéria e técnica, uma explosão de sentimento, de busca incessante pelo outro, por todo Outro, também o "diferente", o "excluído"… Um manso lago azul… um vulcão em erupção, quando se trata de família; de saúde; de busca do ideal, desde cedo nascido: ensinar; não só, educar jovens, levá-los a viver com dignidade e solenidade cada momento presente, no estudo, em casa, no lazer…; de vontade incessante de aprender, não por aprender, mas para melhor servir ao "Outro", de perseguir a perfeição, de dobrar-se para não romper. Não gosto de romper com as pessoas, machucar, magoar… porque magoa a mim e enquanto não restauro o relacionamento, não sossego; de correr atrás dos sonhos, porque os sonhos não envelhecem, apenas amadurecem e coloca-nos no lugar que devemos ocupar, mesmo se, para o mundo, o caminho já pareça completo… findo! Em casa, na Nove de Julho, 1969/1975, sempre foi assim, casa cheia de colegas, com quem dividíamos o que sabíamos, almoçavam, jantavam, dormiam… então aprendi a lição da acolhida, porque José e Júlia nunca se opuseram, ao contrário, incentivaram. Mamãe era a conselheira que as meninas buscavam. Papai o homem forte, provedor, cujos ombros pareciam suportar a asma de Júlia, nossas traquinagens, nossos gastos, mas sempre feliz com o que nos propôs ao prestarmos o exame de admissão, que nos colocaria na 1ª série ginasial: "… vocês vão estudar, mas só aceito um resultado: serem alunas estudiosas e corresponderem à confiança que depositamos em vocês". E aqui, perdoem-me, mas a emoção pede-me para recordar com que orgulho papai nos conduzia, aos 18 anos, diploma de professora, cadeira-prêmio e oradora da turma. Penso que, nesses 18 anos, formou-se minha determinação, lapidou-se meu caráter, instigou-se meu desejo de não decepcionar e nem decepcionar-me, de superar obstáculos, transformando-os em trampolins, de olhar para a frente, para o infinito, seguir caminhando e semeando, caminhando e colhendo, mas caminhando, pois o caminho se faz caminhando… com fé, com coerência, com confiança, com respeito aos outros caminhantes, com trabalho, porque trabalho não mata, quando se faz o que se ama. Parafraseando a grande poetisa, Cecília Meireles, também aprendi, com as primaveras a me deixar podar, para poder renascer inteira. Por três anos lecionei para alunos de curso dito primário, àquela época. Concomitantemente, preparava, juntamente com minha irmã Marli, alunos para o Curso de Admissão ao Ginásio, numa sala de aula montada por papai, no fundo do quintal, na Nove de Julho. Papai partiu em 1969, no outono, mês em que se colhem os bons frutos. Prosseguimos, com muito trabalho e cuidados com mamãe, já tão frágil. Então, não era mais possível lecionar fora de casa. Continuava com as aulas particulares, preparando alunos com dificuldades em algumas disciplinas, ou aqueles a quem os pais quisessem aprofundamento dos estudos. O verão de 1972 levou Júlia, numa madrugada quente de verão. Já então frequentava o Curso de Administradores Escolares, à noite, na expectativa da tão propalada Escola Nova. Mas, ao entender que ela só seria nova se o sangue dos educadores se renovasse, completei o curso, mas não prossegui com Pedagogia. Um mês de cursinho e um sonho realizado: UNESP/Araraquara Português-Grego.
E essa história não para por aqui…
Teste o seu Português:
01 Dona Neusa é uma mulher ______________.
a ( ) trabalhadora;
b ( ) trabalhadeira;
c ( ) trabalheira;
d ( ) trabalhona.
02 Olha… você jamais ficará no ____________.
a ( ) oxtracismo;
b ( ) oxtrassismo;
c ( ) ostracismo;
d ( ) ostrasismo.
03 Como é chamada a gordura que fica por baixo da pele do porco?
a ( ) tocinho;
b ( ) toicinho;
c ( ) toecinho;
d ( ) toucinho.
04 Aquele técnico de futebol é uma "_____________"!
a ( ) topeira;
b ( ) toupeira;
c ( ) toupera.
05 Meu marido, está com uma _________: tornar-se cozinheiro.
a ( ) obseção;
b ( ) obcessão;
c ( ) obsesão;
d ( ) obsessão.
06 Coloque em ordem alfabética as seguintes palavras:
a ( ) forte;
b ( ) fechar;
c ( ) furar;
d ( ) fino;
e ( ) famoso;
f ( ) fraco.
07 O cacho de bananas, ___________.
a ( ) amadureceu;
b ( ) amadurou;
c ( ) madurou.
08 Foi pura ____________ o encontro com aquele casal.
a ( ) coicidência;
b ( ) coincidência;
c ( ) coinsidência;
d ( ) coisidência.
(*) Professora de Português, especializada em Linguística de Texto UNESP de Araraquara/SP, Mestre em Comunicação Social UNESP de Bauru/SP, Doutora em Serviço Social UNESP de Franca/SP e Pesquisadora do GEPEFA Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Famílias. É Jornalista e assina coluna semanal (Teste o seu Português) em diversos jornais em todo o Brasil. Publicações em revistas técnicas na área de ciências humanas. Produtora de televisão do quadro "Teste o seu Português" por 16 anos em algumas TVs nacionais.
Respostas:
Resp 1.: b – Dona Neusa é uma mulher trabalhadeira.
Trabalhadeira (= mulher cuidadosa e que gosta de trabalhar).
Trabalheira (= grande quantidade de trabalho).
Resp 2.: c – Olha… você jamais ficará no ostracismo.
Ostracismo (= afastamento, isolamento, esquecimento).
Resp 3.: b d A gordura chama-se: toicinho ou toucinho.
Resp 4.: b Aquele técnico de futebol é uma "toupeira"!
Toupeira (= pessoa de curta inteligência).
Atenção: À toupeira (= animal mamífero que vive sob a terra).
Resp 5.: d Meu marido, está com uma obsessão.
Obsessão (= preocupação constante, idéia fixa).
Resp 6.: Ordem alfabética correta: famoso, fechar, fino, forte, fraco e furar.
Resp 7.: a b c O cacho de bananas, amadureceu, amadurou ou madurou.
As três expressões estão adequadas. São palavras dicionarizadas (Aurélio e Borba).
Resp 8.: b Foi pura coincidência o encontro com aquele casal.
Coincidência (= acaso).
OBS.: Colunista semanal dos jornais Diário do Grande ABC (SP)~e Jornal de Araraquara (SP), Jornal Independente Dois Córregos (SP), Tribuna do Norte Natal (RN), Jornal de Nova Odessa (SP), Diário da Franca Franca (SP) e Diário de Sorocaba Sorocaba (SP) Jornal de Itatiba Itatiba (SP) O Liberal Regional Araçatuba (SP) Diário da Serra Tangara da Serra (MT) Gazeta Penhense Penha/SP Gazeta do Ipiranga/SP.