Teste o seu Português (652)

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Maria Aparecida Baccega.

Prof.ª Dr.ª Terezinha de Jesus Bellote Chaman (*)

Imersos numa sociedade do conhecimento ou da informação, reiteramos até que ponto o ruído dos aplausos ao progresso quantitativo e desenfreado encobre e mascara o silêncio do pensar, do refletir, do ler, do ler criticamente, do produzir sentido?

Propositalmente, iniciamos nosso diálogo com a provocação com o qual encerramos, na semana passada.
Até que ponto tal sociedade favorece a formação de leitores que sejam sujeitos ativos, capazes de uma leitura crítica, madura e consciente da comunicação impressa?
Não desconhecemos que enquanto a Ciência baseia-se no universal, o jornalismo é uma forma de conhecimento oposto à universalidade, ou seja, singular. Ele aproxima a informação e o conhecimento. O “quarto poder” continua firme e forte, “permanecendo um meio de comunicação básico, mesmo depois do aparecimento da mídia eletrônica”, reiteramos com Burke (2004, p. 201).
Estamos cientes de que, também, o discurso jornalístico “plasma sentidos e constrói realidades” (1995, p. 3). Mas não podemos olvidar a desejável busca da humanização, como parte do ideário do jornalismo. E com Barthes (1970, p. 136) ousamos aprofundar essa vocação para o real, que traz a interface da narração, da ficção, que traz a ilusão referencial.

Com Guimarães Rosa reiteramos esse destino do bom jornalismo: “O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia” Travessia com contornos ficcionais. É a história (processo) versus acontecimento (espetáculo), de que nos fala Baccega em sua obra Comunicação, ficção e história: a literatura angolana (1991). É o recorte da realidade abrindo uma realidade muito, muito mais ampla, através da literatura. É a abertura de horizontes. É a substituição de um modo maquinal, de uma linguagem eivada de objetividade, por um relato menos unívoco e, portanto, mais convidativo à criticidade, a despertar construção de sentidos. Eis o futuro, de um presente quiçá tímido. Eis a sedução da palavra: Jornalismo e Literatura. Eis a explosão do jornalismo especializado em literatura, que quer falar ao homem do século XXI. Eis o futuro.
Por derradeiro, se o jornalismo se assemelha à literatura o suficiente para contaminá-la, o mais perigoso dos ofícios é exatamente o jornalismo. Sabe-se, de um lado, ser fácil ao repórter tornar muito subjetivas suas narrativas, recortar a realidade e recompô-la com olhar muito subjetivo, com base em seus próprios valores. De outro lado, sabe-se também que o jornalista tem de se distanciar, patrulhar-se, para não se envolver. Acrescente-se: ao crítico literário é importante não olvidar que o leitor médio não tem os seus referentes, já que a comunicação só se realiza quando a informação se transforma em conhecimento. Reitere-se, o mais perigoso dos ofícios é mesmo o jornalismo.
(Fragmento da Dissertação de Mestrado apresentada para a obtenção de título de Mestre na área de Comunicação, UNESP/Bauru – 2005, CHAMAN, T. J. B).

Teste o seu Português

01 – Para a carne de sol ficar menos salgada, você deve deixá-la coberta com água, por 24 horas, trocando-a duas ou:
a ( ) tres veses;
b ( ) trez vezes;
c ( ) três vezes.

02 – Aquele cozinheiro de meia-tigela nem chega aos pés do “Chef”!
No contexto, o que significa a expressão de meia-tigela?
a ( ) porcalhão;
b ( ) mal-educado;
c ( ) meia-pataca;
d ( ) meia-idade.

03 – Hortelã é uma planta de folhas pequenas, muito verdes e aromáticas.
Hortelã é palavra:
a ( ) masculina: o hortelã?
b ( ) feminina: a hortelã?

04 – O ____________ é um arbusto de pequeno porte, cujas folhas são usadas como condimento.
a ( ) manjericão;
b ( ) mangericão.

05 – Simples e gostoso. Estou falando do _______________, que se come em Alagoas.
a ( ) baião-di-dois;
b ( ) baião de dois;
c ( ) baião di dois;
d ( ) baião-de-dois.

06 – Dizem que carne de pato é dura. Mas… e o pato que se come no Pará ? Bom demais!
a ( ) pato no tucupi;
b ( ) pato no tucupí.

07 – Dentre as delícias doces do Norte brasileiro, está o bolo de:
a ( ) cupuassu;
b ( ) cupuasu;
c ( ) cupuaçu.

8 – Acompanhando a _____________ cearense, não pode faltar um pirão bem quente.
a ( ) buchada;
b ( ) buxada.

09 – Vou apreciar um _____________ de inhame com costelinhas de porco.
a ( ) guizado;
b ( ) guisado.

10 – Na pamonhada goiana, deve-se colocar _______________, cortada em rodelas.
a ( ) linguisa calabreza;
b ( ) lingüiça calabresa;
c ( ) linguissa calabresa.

(*) Pesquisadora do GEPEFA – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Famílias – UNESP/Franca.

RESPOSTAS

Resp 1.: c – Para a carne-de-sol ficar menos salgada, você deve deixá-la coberta com água, por 24 horas, trocando-a duas ou três vezes.
Resp 2.: c – Aquele cozinheiro de meia-tigela nem chega aos pés do “Chef”!
De meia-tigela (com g) significa: sem valor, medíocre, meia-pataca.
Resp 3.: b – Hortelã é palavra feminina. Diz-se a hortelã. Não se deve dizer o hortelã.
Resp 4.: a – O manjericão é um arbusto de pequeno porte, cujas folhas são usadas como condimento.
Resp 5.: b – Simples e gostoso. Estou falando do baião de dois, que se come em Alagoas.
Obs.: Baião de dois: prato feito de arroz e feijão, cozidos conjuntamente.
Resp 6.: a – Pato no tucupi (não acentue graficamente a palavra tucupi).
Tucupi: sumo da mandioca-brava descascada e ralada.
Resp 7.: c – Dentre as delícias doces do Norte brasileiro, está o bolo de cupuaçu.
Cupuaçu: fruta amazônica, muito apreciada no preparo de sucos, compotas, doces, sorvetes…
Resp 8.: a – Acompanhando a buchada cearense, não pode faltar um pirão bem quente.
Obs.: Bucho (com ch): estômago dos animais;
Buxo (com x): arbusto de flores pequenas e alvas.
Resp 9.: b – Vou apreciar um guisado de inhame com costelinhas de porco.
Obs.: Guisado: carne picada e refogada, com molho.
Resp 10.: a – Na pamonhada goiana, deve-se colocar linguiça calabresa, cortada em rodelas.

OBS.: Colunista semanal dos jornais Diário do Grande ABC (SP) e Jornal de Araraquara (SP), Jornal Independente – Dois Córregos (SP), Tribuna do Norte – Natal (RN), Jornal de Nova Odessa (SP), Diário da Franca – Franca (SP) e Diário de Sorocaba – Sorocaba (SP) – Jornal de Itatiba – Itatiba (SP) – O Liberal Regional – Araçatuba (SP) – Diário da Serra – Tangara da Serra (MT).

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