Teste o seu Português (650)

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Prof.ª Dr.ª Terezinha de Jesus Bellote Chaman (*)

UMA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO OU DA INFORMAÇÃO?

Os cidadãos civilizados não são produto do acaso, mas de um processo educativo. (Karl Popper).

Como observa Burke:
Estamos imersos hoje, ao menos segundo alguns sociólogos, em uma “sociedade do conhecimento” ou “sociedade da informação”, dominada por especialistas e seus métodos científicos. Segundo alguns economistas, vivemos em uma “economia da informação”, caracterizada pela expansão das atividades relacionadas com a produção e a difusão do conhecimento. Por outra parte, o conhecimento converteu-se em um problema político de primeira ordem, centrado na questão de se a informação deveria ser pública ou privada, tratada como mercadoria ou bem social (2002, p. 11).
Constata-se uma metamorfose incessante de dispositivos informacionais, de gamas variadas, a influir nas relações entre os homens, em sua inteligência e em seu trabalho. Nessa perspectiva, Morin afirma que:
Por detrás do desafio global e do complexo, esconde-se um outro desafio: o da expansão descontrolada do saber. O crescimento ininterrupto dos conhecimentos constrói uma gigantesca torre de Babel, que murmura linguagens discordantes. A torre nos domina porque não podemos dominar nossos conhecimentos […] O conhecimento só é conhecimento enquanto organização, relacionado com as informações e inserido no contexto destas. As informações constituem parcelas dispersas de saber. Em toda a parte, nas ciências, como nas mídias, estamos afogados em informações […] Cada vez mais, a gigantesca proliferação de conhecimentos escapa ao controle humano. (2002, p. 16).
Então nos perguntamos: até que ponto, o ruído dos aplausos ao progresso quantitativo e desenfreado encobre e mascara o silêncio do pensar, do refletir, do produzir, do ler, do filtrar? Até que ponto a cena das mídias garante uma concepção não-reprodutivista nem culturalista do consumo, mas uma produção de sentidos?
É pertinente lembrar, com Baudrillard (1979, p. 106), que “quanto mais informação menos sentido”; como também é importante completar: mais informação, menos sentido… e mais massa. Ou seja, mais massa atomizada, mais distante da liberação da energia, da explosão. O que se julga ter produzido verdadeiramente é, segundo Baudrillard (1979, p. 111), a “implosão do social mas massas”. Massa entendida como um aglomerado de grandes proporções de indivíduos, expostos às mesmas ideias/mensagens, submetidos à solidão, ao individualismo, à ausência de debates, de troca de ideias, enfim, sem interação entre os que compõem tal massa.
Reflitamos: se hoje informação é vista como business, necessário se faz um trabalho conjunto de jornalistas e educadores, relativamente ao modo como transformar a informação em conhecimento.
Koch lembra que:
[…] conforme postula Paulo Freire, o aluno necessita ser preparado para tornar-se o sujeito do ato de ler. Para tanto, é preciso que ele se torne apto a apreender a significação profunda dos textos em que se defronta, capacitando-se a reconstruí-los, a reinventá-los (1996, p. 160).
Necessário se faz saber ler, decodificar, interpretar e encontrar sentido em meio aos apelos persuasivos da comunicação. Necessário se faz discutir, contextualizar, repensar, reelaborar, reconstruir. Necessário se faz uma leitura e uma recepção críticas da mídia. Necessário se faz aprender a aprender, para aprender a pensar e poder, assim, escrever sua própria história, tornar-se historiador do cotidiano, e, consequentemente, sujeito da própria história.
(Fragmento da Introdução de Dissertação de Mestrado apresentada para a obtenção de título de Mestre na área de Comunicação, UNESP/Bauru – 2005, CHAMAN, T. J. B).

Teste o seu Português

01 – Adoro saborear um _____________, acompanhado de ____________.
a ( ) bobó de camarão – arroz de forno;
b ( ) bobó-de-camarão – arroz-de-forno.

02 – Em minha chácara, os pés de ___________ estão carregados.
a ( ) mecherica;
b ( ) mixirica;
c ( ) mexerica;
d ( ) michirica.

03 – Acho uma delícia o pão de _________ que compro na estrada.
a ( ) glutem;
b ( ) glute;
c ( ) glúten.

04 – O _____________ é uma bebida de altíssimo teor alcoólico.
a ( ) abcinto;
b ( ) absinto;
c ( ) abiscinto;
d ( ) abisinto.

05 – A banana verde é altamente ____________. Ela “amarra” a mucosa da boca.
a ( ) adis-tringente;
b ( ) adestringente;
c ( ) adistringente;
d ( ) adstringente.

06 – O cozinheiro _______ todos os _________ de sua maravilhosa cozinha.
a ( ) utiliza – apetrechos;
b ( ) utilisa – apetrexos;
c ( ) hutiliza – apetreichos.

07 – Aquele camarada é um verdadeiro ____________: respira baixo “para não gastar os peitos”.
a ( ) unha de fome;
b ( ) unha-de-fome.

08 – Como é que pode? Em plena era da informação e o indivíduo ser tão ___________, tão __________!
a ( ) néssio – inepito;
b ( ) nécio – hinepto;
c ( ) néscio – inepto.

09 – A ___________ é própria daqueles que não acreditam em DEUS.
a ( ) eresia;
b ( ) erezia;
c ( ) herezia;
d ( ) heresia.

10 – Bom mesmo é degustar um queijo tipo __________, passado no fogo, com sal e orégano.
a ( ) coalho;
b ( ) cualho;
c ( ) coalio;
d ( ) qualio.

(*) Pesquisadora do GEPEFA – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Famílias – UNESP/Franca.

Respostas

Resp 1.: a – Adoro saborear um bobó de camarão, acompanhado de arroz de forno.
Bobó de camarão e arroz de forno: dois pratos deliciosos. Cf. VOLP 2009.
Resp 2.: c – Em minha chácara, os pés de mexerica estão carregados.
Mexerica (= fruta cítrica muito apreciada em gomos, tangerina, bergamota).
Resp 3.: b – c – Acho uma delícia o pão de glute ou glúten que compro na estrada.
Glúten ou glute (= substância que resta da separação da farinha e do amido). VOLP 2009.
Resp 4.: b – O absinto é uma bebida de altíssimo teor alcoólico.
Absinto (= bebida à base de planta aromática e amarga).
Resp 5.: d – A banana verde é altamente adstringente. Ela “amarra” a mucosa da boca.
Adstringente (= que tem sabor ácido ou amargo).
Resp 6.: a – O cozinheiro utiliza todos os apetrechos de sua maravilhosa cozinha.
Utilizar (= tornar útil, aproveitar, fazer uso de).
Apetrechos (= objetos necessários para execução de uma tarefa).
OBS.: Borba (2002) e Neves (2003) registram também a forma petrechos (menos usual).
Resp 7.: a – Aquele camarada é um verdadeiro unha de fome: respira baixo “para não gastar os peitos”.
Unha de fome: coloquial (= sovina, usurário, avarento). Cf. VOLP 2009, à p. 824.
Resp 8.: c – Como é que pode? Em plena era da informação e o indivíduo ser tão néscio, tão inepto!
Néscio (= ignorante, insensato, tolo).
Inepto (= incapaz, ineficiente).
Resp 9.: d – A heresia é própria daqueles que não acreditam em DEUS.
Heresia (= ato ou palavra ofensiva à religião).
Resp 10.: a – Bom mesmo é degustar um queijo tipo coalho, passado no fogo, com sal e orégano.
Coalho (= substância com que se coagula o leite, na fabricação de queijos).

OBS.: Colunista semanal dos jornais Diário do Grande ABC (SP) e Jornal de Araraquara (SP), Jornal Independente – Dois Córregos (SP), Tribuna do Norte – Natal (RN), Jornal de Nova Odessa (SP), Diário da Franca – Franca (SP) e Diário de Sorocaba – Sorocaba (SP) – Jornal de Itatiba – Itatiba (SP) – O Liberal Regional – Araçatuba (SP) – Diário da Serra – Tangara da Serra (MT).

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