Marilene Volpatti
Não é façil acabar uma amizade e dizer adeus sem transformar o amigo em inimigo. E um “inimigo com muitas informações pessoais.
As mulheres, em especial, cercam as amizades de mitos e problemas. E não é de se admirar que não saibam como terminar com uma que lhe traz aborrecimentos.
Edna, 54, aposentada, ligou para uma “amiga” e disse-lhe: “você coloca muito o bico em minha vida… por isso, minha paciência chegou ao fim. Nós não pensamos da mesma forma. Sendo assim não há mais espaço para você no meu dia-a-dia”. Essa foi a maneira triste que encontrou para colocar fim à amizade que a incomodava.
A ex-amiga, por sua vez, sofreu por demais, pois, é do tipo que mergulha na amizade com cautela e considera todos amigos eternos. A amizade das duas completava 15 anos.
Quando crianças, não é regra, nos ensinam que amizade é para sempre. Mas, não é bem assim. Para algumas pessoas esse tipo de relacionamento só faz sentido se resistir ao tempo. Para a maioria, amizades que resistem a tudo são raríssimas: a vida muda, as pessoas mudam e os amigos também.
Chega um determinado momento em que aquela relação que era maravilhosa, não funciona mais, não dá mais prazer. E aí perguntamos: como sair dela?
Decisão
Para tomar a decisão de terminar uma longa amizade quando, principalmente, para um dos amigos vai indo de vento-em-popa, é difícil. Só o fato de reconhecer que só você não quer mais determinada pessoa como amiga, já vai encher de culpa o coração. Isso porque muitas vezes prezamos tanto a fidelidade que confundimos com traição o desejo de terminar um relacionamento. Achamos que há alguma coisa errada conosco porque não conseguimos ser amigos de verdade.
Tudo muda
Algumas amizades nascem com morte anunciada. Por exemplo: você está passando por uma dificuldade conjugal e encontra uma pessoa na mesma ituação. A partir desse momento serão cúmplices, ninguém consegue entender vocês a não ser uma a outra. Quando a crise termina, percebem que não têm tanta coisa assim em comum. Final da amizade…
Estamos sempre renovando. Uma amiga casa e tem filho. Ela não poderá mais fazer companhia a você pois precisa cuidar do filho quando sai do trabalho. Vocês costumavam ir ao cinema, restaurante, shopping… Agora ela prefere ficar em casa ou sair com o filho e marido. Você só é lembrada em aniversários e festas de final de ano. A “amizade especial” que havia, terminou!
Traição
O que mais choca numa amizade é a traição. Imagine a melhor amiga tendo um romance com o seu marido; ficar contra você em uma reunião da empresa em que trabalham; ou falar mal pelas costas. Dói muito, não é mesmo?
O conceito de traição varia de pessoa para pessoa. Sair com o marido da amiga ou colocar objeções à proposta de trabalho na reunião de diretoria, para alguns é considerado o requinte da traição, para outros não é tão importante. Apenas, uma partilha ocasional e, no segundo caso: pensar diferente e enriquecer o processo com suas idéias.
Você pode achar que a amiga tinha consciência de tudo o que fazia. Talvez, para ela, não houvesse nada de errado e acreditava que nada disso iria interferir na amizade. Cada cabeça… uma sentença.
Traição sutil é quando um amigo não nos conta a verdade sobre seu passado, seus sentimentos ou outro assunto importante. Ele pode mentir, enfeitar a verdade ou ser tão fechado que você se sente mal por ter-lhe confiado sua vida. Muitos exigem amizade incondicional, mas não dão a reciprocidade.
Qualquer que seja a situação, sofremos com, a decisão de terminar uma amizade porque não temos certeza da dimensão do motivo. Nossa decisão pode estar vindo de uma parte que ainda não está amadurecida. Pode ser uma ponta de inveja pelo fato do amigo possuir mais status, um emprego que renda mais, ou ainda, ser ele o mais requisitado no grupo social.
Essas diferenças podem não ser insuportáveis, mas, tornam-se obstáculos difíceis de vencer. A conclusão é que, talvez, um não caiba na vida do outro… o que pode ser digerido na maior.
Honestidade
Se não houve traição, se não teve motivo sério é difícil terminar uma amizade íntima que dura muito tempo. É golpe duro no ego de qualquer indivíduo. Considerando que a pessoa sempre foi um grande amigo, e que ainda hoje o é (mas você não quer mais saber de sua amizade, pois, algo está incomodando), é necessário ter um pouco de paciência para se “livrar” naturalmente. Um empurrãozinho ajuda. Por exemplo: se estão acostumados a se encontrar 3 ou 4 vezes por semana, diminua para 1 ou 2. Se todas as terças-feiras se encontram para um chopinho, dê uma desculpa.
É uma estratégia que não fere ninguém e não deixa de ser honesta: a vida está corrida para todos e nunca foi tão necessário, como agora, economizar tempo e dinheiro.
Caso o amigo ou amiga reclame de seu novo comportamento diga que a vida mudou, que tem academia, casa, trabalho, inglês, ioga… que tudo o que você faz é parte de sua realização pessoal e que não pode se negar a isso. É a mais pura verdade, certo?
Essa situação é igual ao do marido que deixa a esposa e diz: “eu não posso amá-la do jeito que você merece. Por isso, vou deixá-la” em vez de dizer “estou trocando você por outra”. Machuca menos e o resultado é alcançado.
Serviço
Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.