Todos sabemos que a necessidade, quando elevada, não consegue indicar o melhor caminho. Em que pese a boa vontade dos novos provedores e mesários da Santa Casa de Misericórdia de Araraquara (maltratada ao longo dos anos com pagamento irrisório pelos seus procedimentos médico-hospitalares), não se pode, ou melhor, não se deve iniciar o horrível telemarketing com imagem desgastada.
Mesmo assim, anuncia nova fase de sua história a partir desta segunda-feira (13) quando tentará arrecadar dinheiro por telefone. Mesmo sublinhando a transparência, seu intento será dificultado.
Para começar, como a Santa Casa não tem nem a Certidão Negativa de Débitos que inibe recebimento de verbas oficiais, os nobres diretores deveriam perguntar ao prefeito Newton Lima como conseguiu esse documento importantíssimo para a Santa Casa de São Carlos. Enfim, a de Araraquara, com intervenção e pressa para sair do atoleiro, queima etapas de comunicação para recuperar imagem e adota o telemarketing que ela mesma tacha de "catastrófico". Doutores, vale cuidar de unha encravada quando o paciente está com parada cardíaca?
Obviamente o resgate da imagem positiva não passa pela anunciada inauguração da "Central de Doações". Mesmo com transparência, enfatizar necessidades ajuda a afugentar pacientes que poderiam pagar, se não tudo, pelo menos uma parte para compensar a lacuna SUS: a miserabilidade surge mais forte com a municipalização da saúde. A Santa Casa precisa de tranquilidade para agir.