O restaurador e conservador José Sérgio Martins fala sobre as obras da Rua 5 e do Museu Ferroviário, mas, chama atenção para o investimento na Saúde e diz que quase morreu.
José Sérgio Martins, em entrevista ao J.A., falou sobre os erros com a restauração da casa da Cultura e diz que se comete o mesmo erro em outras obras da nossa cidade. “Os projetos não são feitos com a atenção necessária para contemplar um bem histórico”.
Sobre as obras da Rua 5, diz que vão interferir negativamente no trânsito da cidade pois é uma via de acesso à Santa Casa. “Essas obras vão criar uma polêmica muito maior do que a da rua 2 que pretendia diminuir o tráfego de veículos a fim de preservar o patrimônio”.
Para ele, ao invés da 2 e 5, “o ideal seria fazer um Bulevar na rua 3, já que ela cruza todo o centro histórico e o tráfego intenso de veículos prejudica dois bens importantes: a Casa da Cultura e o Palacete São Bento. Mexer na Rua 5 é gastar dinheiro com uma rua que já está pronta. Ela tem as calçadas largas, é bonita, gostosa de caminhar e turisticamente interessante do jeito que está”, diz o restaurador.
O centro merece
cuidado especial
A Lei diz que não se pode mudar a característica de um centro histórico e é necessário lembrar que os bens tombados não foram construídos para o trânsito atual. “O centro histórico deve ser tratado com muito carinho e cuidado, pois, é algo extremamente delicado. A Rua 5 é a única que ainda mantém a característica da primeira metade do século passado, período importantíssimo para a história de Araraquara”.
Museu Ferroviário
“A instalação do Museu Ferroviário exige reforma que envolve uma briga. Sei que o local é protocolado para estudo de tombamento e não pode sofrer nenhuma modificação sem autorização do Condephaat”, diz lembrando da interferência das obras na história da cidade.
Conscientização
“Chamo a atenção para a conscientização sobre a importância do patrimônio histórico que é de responsabilidade do poder público. Vários estados já estão com projetos de oficina-escola para que adolescentes restaurem os bens públicos enquanto aprendem uma profissão e, junto com isso, deixem de destruir os bens. Esse é um projeto que funciona e ajuda a reduzir o custo da obra”.
Acidente
José Sérgio Martins afirma que não compareceu à reunião da segunda-feira (8), para discutir as obras da Rua 5, pois, está impedido de caminhar devido a um acidente que causou queimaduras em 50% do corpo.
“Com isso pude ver de perto o Sistema de Saúde e faço um alerta para abrir o leque de investimento. Ao invés de fazer obras em uma rua que já está pronta, é necessário cuidar de questões mais urgentes, como a saúde da comunidade”.
Santa Casa
“Fui encaminhado para a Santa Casa e poderia falecer se ficasse mais um dia lá. Eu estive numa sala com outras pessoas de patologia diferente e um paciente queimado deve estar em isolamento, por causa das infecções. Mandaram eu mesmo passar a bucha nas minhas queimaduras para fazer a limpeza… as medidas para evitar contaminação eram precárias”.
Hospital Escola
“Em seguida fui encaminhado para o Hospital Escola de Ribeirão Preto, lugar que considero um exemplo para todos hospitais do Brasil. Do primeiro ao ultimo dia que estive lá eu fiquei isolado e o tratamento era caro, mas, eu não usei um centavo para pagar nada e fui muito bem atendido. Lembro que fiz todas as cirurgias necessárias, recebi os remédios em dia e a malha para queimadura, tudo gratuitamente”.
Uniara
“Gostaria de agradecer ao HC em Ribeirão e também aos alunos de fisioterapia da Uniara que me trataram com muita atenção e competência. Hoje já consigo andar graças ao atendimento que recebi dos alunos da Uniara e dos residentes do HC em Ribeirão”, afirma o restaurador e conservador.