Antonio Delfim Netto (*)
O crescimento das safras agrícolas e a expansão dos negócios na pecuária estão revitalizando a atividade comercial no interior de São Paulo. Nas cidades de porte médio, no mês de julho, as vendas cresceram 9% em termos reais em relação ao mês anterior e se mantiveram firmes em agosto.
Não se limita ao interior de São Paulo essa incipiente retomada da atividade econômica. Ela vem se processando há mais tempo na fronteira agrícola em expansão no Mato Grosso, em Rondônia, Goiás, Tocantins, na Bahia, no Piauí e em Roraima, a partir do momento em que Brasília despertou para a necessidade de estimular o agronegócio, depois de quase uma década de indiferença em relação ao que acontecia no campo. Sem dúvida, um marco dessa mudança foi a criação do programa Moderfrota, que financia a compra de equipamentos agrícolas, oferecendo prazos de 5 a 8 anos e crédito subsidiado a taxas fixas de juro. Deve-se fazer justiça ao empenho dos ministros Turra e Pratini de Moraes no governo FHC e do atual ministro Roberto Rodrigues de dotar o setor do volume de crédito necessário ao custeio das safras e à realização dos investimentos.
Em pouco mais de dois anos, os agricultores responderam aos estímulos e a produção saltou de 80 milhões para 120 milhões de toneladas de grãos. Mais importante foram os ganhos de produtividade, graças ao desenvolvimento das pesquisas de campo e às oportunidades criadas para a modernização da indústria de equipamentos. De importadores, nós passamos num curto período a produzir máquinas agrícolas com tecnologia de ponta, atendendo não só ao mercado interno como competindo no exigente mercado externo. O resultado desses investimentos é que nossa agricultura é hoje uma das mais produtivas do mundo.
Há regiões em que a produção agrícola cresce a taxas superiores a 10 % ao ano e é essa expansão que garante que o PIB brasileiro ainda cresça 1% ou 1,5%. É o caso de Mato Grosso, onde desde o governo Dante de Oliveira e agora no governo de Blairo Maggi, o poder público mantém uma aliança com os empresários agrícolas, financiando parte dos investimentos em pesquisa, a expansão da rede de armazenagem e dividindo custos na construção de estradas para o escoamento da produção agropecuária. Ainda em escala modesta esse modelo de parceria público/privada vem se reproduzindo em outros pontos da fronteira agrícola.
É um exemplo digno de ser imitado por governadores e prefeitos que defendem o aumento da carga tributária como única “solução” para custear novos investimentos .
(*) É deputado federal e colaborador do JA.