Para meu pai

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Deu vontade de escrever algo em homenagem a meu pai hoje. Razões óbvias. Tinha começado, dizendo das minhas chatices e como me arrependo de discussões bobas que tivemos.
Mas, pensando bem, quero falar dele mesmo. Não de mim. Se possível, claro.
Então, fico pensando que meu pai talvez não tivesse a dimensão do orgulho que sempre senti por ele. Pela vida simples que teve; dificuldades por que passou; respeito e admiração que conquistou de tanta gente…
Ele não foi um pai qualquer. Ok, eu sei que não existe um pai qualquer. Pai já é pai. E isso é muito. Mas, desde muito pequeno, estava acostumado a ouvir: “ah, você é filho do Polezze?” E isso acontecia em qualquer lugar da cidade. Imaginem crescer assim…
Quando me mudei de Araraquara e tinha que falar meu nome completo, até estranhava: faltava a pergunta “você é filho do Polezze?”
Na verdade, se todo pai é o herói do seu filho, você, meu pai, era o herói dos heróis. Então, assim, entenda: a admiração que tinha por você, quando criança, era a de quem via um herói. Um grande herói.
E o tempo foi passando.
Eu via seu esforço de prover todo o estudo que eu quisesse. Era apenas TUDO. Comecei a fazer engenharia na UNICAMP.
Percebi que não tinha a menor vocação para engenharia mecânica e queria estudar direito? “Faça o que for melhor para você, estamos juntos” – foi o que você disse.
Estava ao meu lado nas decisões mais delicadas da minha vida. E sempre apoiando. Não estou exagerando. Era sempre.
Quando meu pai saiu da Rádio Cultura, ele sentiu um choque tremendo. E a preocupação dele qual foi? Cuidar do filho mais novo que ainda estava estudando. Ele comprou um apartamento em São Paulo, ele queria garantir que eu conseguisse estudar, caso acontecesse algo com ele.
Sim, esse era meu pai. Coração enorme. Amor sem limites pelos seus filhos. E não, ele nunca foi rico. Trabalhou demais e sempre.
Acabei a faculdade. Ia advogar. E advoguei. Pronto, não gostei. “Pai, acho que vou parar tudo e estudar para concurso. Tenho perfil de juiz”, eu disse algo assim.
E ele: “estamos aqui, filho. Vai ser um prazer ter você perto por mais algum tempo”. Sim, o “peso” do filho estar na casa dos pais para estudar, para ele, não era peso. Era prazer. Era amor.
Meu pai me amava tanto que esqueceu sua fobia de avião e foi a minha posse como juiz em Brasília. Sim, esse era meu pai.
Nem tudo eram flores. A gente brigava muito também. Sabem aquele encontro de duas cabeças duras e quentes? Pois é. Acho que demorei para perceber que brigávamos, porque éramos muito parecidos.
Essa percepção veio com a idade, na verdade. Minha idade. E meu respeito e amizade – recheados com uma discussão ou outra, claro – só aumentaram.
Aliás, que amigo! E que leveza, que delícia poder chorar no colo dele, depois de levar um pé na bunda. Que maravilha me sentir acolhido e amado. Quantas vezes, fui chorar com ele?
Esse contato tão próximo e honesto só foi crescendo com os anos. Algo delicioso de sentir, ao envelhecer.
Mas, de novo, tive vários momentos de chatice com meu pai. Maioria das vezes, com certeza, culpa minha. “Criança” mimada.
Espero que ele tenha me entendido e me perdoado pelas criancices. Que saiba o tamanho do meu amor, respeito e admiração por ele. Porque sempre foi gigante.
Já escrevi demais.

Tudo isso para dizer o quanto te amo, pai. Que você faz falta demais. Mas que você não será esquecido. Sua vida e exemplos serão celebrados. E sua conduta honesta, solidária e amorosa vai continuar a traçar minha própria vida.

Te amo.

Feliz dia dos pais. Sempre.

(Texto escrito por Rogério Volpatti Polezze, em sua rede social, para Geraldo Polezze, no dia dos pais)

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