“Dia 26 de janeiro, às 17h30 estive na sala 01 do Circuito de Cinema (…) assistindo “O Senhor dos Anéis”.
Sou um pai de 32 anos, com formação em Marketing aplicado a turismo e lazer, e como tantos outros deste Brasil… desempregado.
Estava levando meu filho de 12 anos à sessão.
Apesar do cinema ser uma arte, já tornou-se supérfluo dentro da nossa sociedade que nos priva de tantos outros benefícios e lazer, pela desordem econômica que impera. É difícil dizer 'não’ a um jovem ser. É difícil para um pai levar uma criança ao cimena e privá-la de comer uma pipoca que seja… principalmente porque ela é estrategicamente aromatizada, com cheiro sedutor de manteiga, ou um refrigerante, ou um doce. Criança vive de sabores, do lúdico também e não tem culpa do pai não ter dinheiro. Portanto, reservei ao meu filho – que bem compreende a minha situação – a possibilidade de oferecer-lhe algo e este escolheu um Milk Shake (…).
Surpreendentemente, foi impedido de entrar com o produto na sala de exibição.
Estando para começar o filme precisamos JOGAR FORA o produto porque não havia como engolir o copo de milk shake. Ninguém nos dava uma explicação. (…)
Segundo uma pessoa a proibição se deve ao fato de o produto ser GORDUROSO.
Gorduroso??? E o lucrativo saco de pipoca??? Trata-se de um produto FAT LESS?? Um produto sem gordura? Por acaso a sala, ao final do filme, não fica cheia de pipocas pelo chão e poltronas?
Ao entrarmos, o meu filho mesmo relatou:
– Veja pai, pipoca cheira forte, é gorduroso e nem limpar a sala eles limpam!
A questão é um grande cartel, onde a proibição provavelmente se dá pelo milk shake ser de uma rede adversa aos produtos vendidos no cinema. Obrigando a quem entra na sala ter adquirido um produto INFLACIONADÍSSIMO da própria rede.
Mais do que isso, o que mais me choca é o despreparo do atendimento destes funcionários. Uma cidade que clama aos quatro ventos sua pré-disposição para o Turismo. Não há vocação, não há treinamento. Somos clientes de uma sociedade capitalizada onde é este dinheiro que adquire produtos, o mesmo que mantém as estruturas comerciais vigentes.
Exijo respeito, educação, informação. Não aceito ser tratado com desdém, privar uma criança de tomar um sorvete e sem dinheiro para comprar algo mais para a devida substituição.
O que acontece é que trata-se de jovens despreparados para atender, que nem sabem o significado de se trabalhar numa estrutura de lazer.
Todos estavam visivelmente contrariados de perderem seu DOMINGO.
O que cabe a mim é reclamar por direito adquirido de consumidor. Tornar público a mal-prestação de serviços. Divulgar aos senhores para terem noção do que realmente acontece. E como cliente (especialista nesta área em que atuam) saber que posso utilizar as salas do outro circuito mesmo que os filmes sejam diversos.
Espero que o Circuito (…) treine seus funcionários adequadamente, providencie uma placa de proibição de produtos à entrada das salas e bilheterias com algum argumento convincente, uma vez que sorvete não causa a mesma mancha que a gordura de pipoca ou salgadinhos vendidos pela bomboniere. A não ser que a turma do circuito tenha desenvolvido um produto especial.
Boa sorte!
Julio W. Bauher.
e-mail: jbauher@bol.com.br
Da Redação: Nome de empresas e pessoas foi suprimido para não se atingir seus direitos legais. Artigo, mesmo assinado, ganha a conotação solidária do veículo, com reflexo em eventual ressarcimento por danos morais. Mas, não poderíamos deixar de divulgar o desabafo de um pai-trabalhador que se vê, pela política econômica globalizada, impedido de oferecer a seu filho o que é rotina para outras crianças. Isso precisa mudar, a fim de que a paz social seja um fato incontestável.