O políticos brasileiros são diferentes

Depois das eleições, o bate-papo acirrado intrapartidário e pela mídia. A luta para tentar ganhar no tapetão ou, pelo menos, explicar o inexplicável: a derrota. O político brasileiro, em sua maioria tem, efetivamente, dificuldade em aceitar o não dos eleitores. Bem diferente dos americanos: na quarta-feira, à tarde, Kerry telefonou para Bush cumprimentando-o pela vitória.

Nos Estados Unidos, acabamos de ver: Kerry telefonando para o Bush e dizendo parabéns. Trazendo isso para Araraquara, o fato de o candidato Marcelo Barbieri ter perdido e ingressado em juízo, não acabou com o prazer da vitória?

Edinho Silva: Não, não acabou com o meu prazer da vitória porque evidentemente a minha vitória foi garantida nas urnas. Foi garantida mediante uma proposta de trabalho que a cidade de Araraquara disse sim. Por decorrência, também estiveram submetidos os quatro anos de governo para a avaliação da população. E a cidade disse sim!

Então, a alegria vem daí. Mas, evidentemente, me causou estranheza o fato de a vitória legítima não ter tido o devido reconhecimento.

Fizemos uma campanha que respeitou todos os princípios da legalidade, e o segundo turno agora, mostrou exatamente isso: uma eleição polarizada é sempre disputadíssima e se ganha por uma margem pequena de votos.

Eu posso citar como exemplo a coligação PPS / PMDB de São José do Rio Preto que ganhou numa cidade com 240 mil eleitores com diferença de apenas 3 mil votos e foi uma vitória legítima. Eu posso citar a vitória do próprio PP, em Santos, numa cidade, acredito, com mais de 300 mil eleitores e a diferença de 1.700 votos. E a candidata Telma de Souza teve a humildade de reconhecer a vitória do seu adversário. E posso citar Diadema, uma cidade também por volta de 300 mil eleitores e onde a vitória se deu por 600 votos. E nem por isso se deixou de reconhecer que foi uma vitória legítima…

Poderia citar muitas outras, ressaltando que as eleições de segundo turno são eleições disputadíssimas e em Araraquara, as características das eleições foram de segundo turno, eleições polarizadas como as dos Estados Unidos. Então toda eleição polarizada se dá numa margem pequena e nem por isso deixa de ser legítima. Então, eu reconheço que a eleição de Araraquara foi uma eleição disputadíssima, com característica de eleição de segundo turno, mas foi uma eleição ganha nas urnas, ganha nos debates políticos, ganha na legalidade.

Por isso me estranhou a reação do adversário e acredito que isso não colabora para a vida democrática da cidade.

Durante a campanha foi dito que Araraquara tem muitas dívidas, até protestadas. Como isso é possível com a Lei de Responsabilidade Fiscal? Araraquara está mesmo mal das pernas?

Essa questão de protestos não tem nenhum fundamento. Na verdade, o que a cidade tem de títulos protestados são dívidas que a cidade não reconhece. Nós estamos brigando judicialmente com algumas empresas porque elas atribuem à prefeitura gastos, faturaram despesas para a prefeitura de Araraquara que o nosso corpo de fiscalização não as reconhece.

Nós só não entramos com embargo no processo porque o Judiciário estava em greve e, agora, o jurídico da prefeitura está tomando as providências cabíveis. A prefeitura de Araraquara não está nadando em dinheiro, como nenhuma prefeitura do Brasil. Como exceção, aquelas prefeituras especiais, como Paulínia, que tem uma refinaria, uma distribuição de combustível. São Caetano que tem uma fábrica da GM que puxa o faturamento, e o repasse do ICMS… então Araraquara evidentemente não tem essa situação. Araraquara vive a situação das demais prefeituras do Brasil, uma situação financeira apertada, onde tem que se fazer contas o tempo todo. Como você mesmo disse, existe uma Lei de Responsabilidade Fiscal hoje, e essa lei restringe muito a ação dos prefeitos. Então se a prefeitura estivesse na situação que a oposição citou durante a campanha eleitoral, a prefeitura já estaria sob intervenção.

Mas, claro que a situação é difícil onde tem que se manter o controle o tempo todo e que não é muito diferente daquilo que as administrações passadas assumiram. Eu acho que a oposição tem memória fraca quando ela se esquece que a prefeitura de Araraquara já chegou a atrasar salário e isso não foi na minha gestão. Que a prefeitura já deixou de pagar o 13º salário e não foi na minha gestão.

Quando assumi a prefeitura em 2001, eu estava pagando parcelamento de dívida para o INSS que não fui eu quem fiz, foram parcelamentos e dívidas que eu assumi como prefeito da cidade.

Quando eu assumi a prefeitura, tinha 7 milhões de reais para ser pago, inclusive diversas faturas de coleta de lixo. Então eu chamei os fornecedores, parcelei as dívidas e paguei todos eles.

A prefeitura de Araraquara vive uma situação apertada não é de hoje, onde se vive fazendo contas o tempo todo. Mas, é uma das prefeituras mais equilibradas do Estado de São Paulo. A própria Folha de São Paulo fez uma matéria dizendo que Araraquara tem a prefeitura com menor dívida na região.

A prefeitura tem suas finanças controladas mas ela está o tempo todo em aperto financeiro.

Por isso, a busca do equilíbrio sem prejudicar os serviços prestados à comunidade.

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