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Novo (e melhor) rumo à América Latina

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves (*)

Depois de criticar e até ofender o presidente Lula por não ter reconhecido sua reeleição, Nicolás Maduro, governante da Venezuela emitiu mensagem onde se solidariza com o brasileiro em razão da tentativa de golpe de Estado e morte apuradas nas investigações da Polícia Federal. “Aqui, na Venezuela, vivemos o mesmo”, diz cínica e inveridicamente a nota. Na verdade, a situação é inversa. No Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro nega a tentativa de golpe e sua participação, enquanto na Venezuela, o próprio Maduro é acusado de ter fraudado as eleições e se auto anunciado vencedor, mesmo tendo obtido apenas 30% dos votos. Tanto que o resultado eleitoral é contestado pelos Estados Unidos, União Européia, ONU (Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos Estados Americanos) e 10 países latino-americanos. Maduro insiste em tomar posse em um novo mandato e, para evitar a reação dos opositores, persegue os adversários. Seu concorrente, Edmundo Gonzalez Urrutia, que se diz vencedor do pleito com algo em torno de 70% dos votos, está exilado na Espanha; mais de 2 mil venezuelanos – inclusive crianças – já foram presos. A assembleia venezuelana aprovou semana passada lei que impõe 30 anos de prisão e outras reprimendas a cidadãos que apoiarem sanções internacionais ao país. O ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica– que hoje festeja a eleição do seu candidato à presidência – declara que a Venezuela vai entrar em guerra civil se Maduro não for contido.

Desde a infância e a juventude – nos anos 50 e 60 do século passado, convivi com a América Latina convulsionada pela instabilidade política. Sucessivos golpes de Estado, luta armada, guerrilha e outros males fizeram o povo sofrer em todos (ou quase todos) os 20 países do Continente. O Brasil, apesar dos trancos, vive hoje o seu mais longo período democrático – quase 40 anos após os militares devolverem o poder aos civis, na esteira de uma anistia aos crimes políticos. A América do Sul vive relativa paz. A Argentina elegeu um governo de direita, o Uruguai voltou à esquerda, o Chile encontra-se estável. O Paraguai se apresenta como uma ilha de prosperidade. O grande problema está na Venezuela, não se sabendo o rumo que tomará. A Bolívia tem crise política e todos os países – inclusive o Brasil – estão com as vistas voltadas para os Estados Unidos, onde Donald Trump assumira a presidência no dia 20 de janeiro. Apesar de seus rompantes, não se acredita que o novo governante colocará os EUA numa política intervencionista. Mas todos esperam que suas influências possam resolver problemas espalhados pelos países aliados.

A Argentina, sob a presidência de Javier Milei, está mudando a economia. Já diminuiu a inflação que corroía a economia local na era do peronismo-kirchnerismo e está anunciando ao mundo a previsão de que será o país que mais crescerá nos próximos 30 anos. Oxalá tudo dê certo e as previsões se concretizem. Brasil e Argentina são as duas maiores economias sulamericanas e os sócios majoritários do Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul). Se, apesar das diferenças ideológicas dos dois presidentes, conseguirem manter relações protocolares e de respeito aos interesses comuns, ambos se beneficiarão, o povo viverá melhor e até os países menores terão suas vantagens.

Espera-se que as lideranças políticas brasileiras – esquerda, direita e centro – se contenham e parem com o incontido desejo de liquidar o adversário. Toda radicalização política serve apenas para atrasar o país e criar dificuldades à população. Depois de assistir as desavenças políticas latino-americanas vindas desde os tempos do peronismo (Argentina) e da Era Vargas (Brasil), penso que o povo é credor de paz e um pouco de conforto. Quanto a Nicolás Maduro, deveria conter um pouco seu apetite pelo poder para não correr o risco de levar seu povo à guerra e males de grande porte. A existência de governos de direita, esquerda, centro e outras tendências intermediárias é prova de saúde política. Mas as lideranças devem evitar a polarização, pois está só pode trazer problemas. Que observem essa verdade todos os políticos latino-americanos…

(*) É dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo)

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