Mudança de postura
Rodrigo Phavanello espera que seu personagem Roberval, de “Alma Gêmea”, deixe logo de ser tão passivo
Texto: Cintia Lopes/ PopTevê
Rodrigo Phavanello já não agüenta mais levar sermão de velhinhas pelas ruas. Tudo por conta do temperamento passivo de seu personagem, o Roberval de “Alma Gêmea”, da Globo. Mesmo depois de ter aceitado a condição de Dalila, interpretada por Fernanda Machado, de se casar e assumir o filho que, na verdade, é de Raul, papel de Luigi Baricelli, Roberval ainda assim é tratado da pior forma possível pela esposa. “Acho que aquela cara de cachorro pidão agrada a mulherada. Todas ficam com pena do cara”, alega Rodrigo. Mas, pelo visto, algumas fãs mais exaltadas querem dar um corretivo no rapaz. “Outro dia, uma senhora deu um tapa na minha nuca e gritou: pedala Roberval!”, lembra aos risos. E tudo indica que os dias de “saco de pancadas” estão contados. “Ninguém agüenta mais tanta passividade. Quando gravo muitas cenas só apanhando volto para a casa revoltado”, diz.
Apesar do contato com fãs mais afoitas não ser novidade para Rodrigo, atuar em novelas é uma experiência inédita. Depois de fazer uma participação no infantil “Sítio do Pica-pau Amarelo”, como o bandoleiro Arthur, no ano passado, o rapaz foi indicado para um teste para “Alma Gêmea”. A demora do resultado, cerca de dois meses, acabou desanimando o ator. “Sou muito ansioso e como não obtive resposta logo em seguida, achei que não havia sido aprovado”, recorda. Mas ao receber a ligação do próprio diretor Jorge Fernando, Rodrigo achou que fosse trote. “Não acreditei. Sempre sonhei em fazer novela”, garante o ator de 28 anos.
Mesmo sendo estreante em novelas, Rodrigo não se surpreende com o assédio feminino. Afinal de contas, gritinhos histéricos das meninas é algo que ele arranca com freqüência. Por sete anos, o ator foi integrante do grupo Dominó. Em função do “hit” “Baila Baila Comigo”, Rodrigo e os demais companheiros ficaram conhecidos até na Europa. “Foi a música do verão europeu em 97. Por isso, moramos dois anos na França e um na Itália”, recorda.
Depois de deixar o grupo em 99, Rodrigo não quis mais saber de música. “O Dominó me proporcionou várias oportunidades, mas seguir a carreira musical nunca foi o meu objetivo”, garante. Para se livrar do rótulo de ex-Dominó, ele literalmente sumiu da mídia. “Sou caseiro e não curto badalação. Não foi problema algum”, garante. A estratégia para “reciclar a imagem” como ele costuma dizer, acabou dando certo. “Se tivesse investido na carreira quando eu saí do grupo, não daria certo. Existe muito preconceito”, avalia.
O ator, então, trocou São Paulo pelo Rio e se matriculou em cursos de teatro. Não demorou muito para ser convidado a atuar em 2003 no curta “Boa Noite Cinderela”, de Marcelo Nascimento. Em seguida, se inscreveu no curso ministrado por Andréa Avancini. A surpresa maior ficou pelo fato de integrar o mesmo núcleo de sua professora em “Alma Gêmea” – Andréa interpreta a sonsa Terezinha na trama de Walcyr Carrasco. “O núcleo da pensão é sensacional e ter uma professora ao meu lado o tempo todo é ótimo”, comemora.
Para não fazer feio logo na estréia, Rodrigo seguiu a cartilha dos alunos aplicados e recorreu ao laboratório. Isso significa dizer que ele emagreceu oito quilos, abandonou o hobby de “puxar ferro” na academia duas horas por dia, se hospedou por dois dias numa decadente pensão paulistana para sentir o clima e assistiu atentamente ao filme “Feios, Sujos e Malvados”, de Ettore Scola. “Sou descendente de italianos e estou acostumado com reunião familiar e um monte de gente falando ao mesmo tempo”, conta.