Café com pão manteiga não… acabou aquela malfadada viagem de trem para Catanduva com o amigo de meu pai. E lá chegando, aquilo era uma novidade total para mim: terra estranha e tudo diferente daquilo que eu gostava. Chegamos à casa do meu pai, com a cestinha na mão como se fora um estranho. A casa era pequena de, esquina, muito bem mobiliada e tudo arrumadinho. Minha irmã dormia, meu pai estava no trabalho que era na Delegacia, bem perto da casa. Eram dois quarteirões do centro, muito bem localizada, e dois quarteirões do Rio São Domingos que cortava a cidade ao meio onde se pescava e nadava muito. O rio, pelo menos, era belo e atraente. Minha mãe fez a maior festa com a minha chegada, minha irmã acordou e, em seguida, meu pai chegou para tomar um café. Para eles foi uma festança: o bom filho retornava para casa. Para mim foi um inferno. Aquela casa sem quintal, tão pequena, aquela gente que parecia extraterrestre que nada me diziam. Era como se eu fosse um estranho adotado na marra. A felicidade deles era a minha infelicidade. O meu desespero era tanto que comecei a chorar, de novo, morrendo de saudade da casa do meu avô. Aquilo sim era o paraíso. Aquela chácara, aquela gente e tudo que se relacionava com minha vida. Meu pai e minha mãe tentaram tudo para me agradar, me ofereceram muitas coisas. Se eles me dessem o mundo de nada adiantaria, pois, a minha mente só estava em Araraquara. O mundo deles, pra mim, nem sequer existia, por mais que eles enfeitassem. Meu pai me levou até a delegacia, era um prédio de dois andares. Mas, não acrescentou nada. Foi choro de manhã até à noite, sem parar. Eu nem queria ficar em Catanduva. Odiava aquilo tudo e queria voltar para a minha terra de qualquer jeito, nem que fosse a pé. Eu queria morrer mas não morar naquela cidade. Meu pai, muito inteligente, foi numa loja e comprou um belo corte de vestido de sêda para minha avó, botou na minha cesta e me deu ordem de voltar para minha terra. Foi procurar o seu amigo para me levar de novo naquele trem. Na verdade eu nem sequer dormi esperando o dia seguinte para voltar correndo para o meu mundo de verdade. Onde eu sempre fui feliz. Lá estava eu no trem no dia seguinte ouvindo alegre aquele café com pão manteiga e algumas brasinhas na minha roupa. Desci do trem correndo em Araraquara e fui para casa da minha tia Iolanda onde encontrei minha avó chorando que me abraçou e disse que não me deixaria mais ir embora.