O Guacho é um passarinho da beira dos rios da região. É, na realidade, um anunciante de grandes cheias. Quando faz ninhos bem altos, pode contar: as águas vão encher as várzeas. Quando o ninho é feito bem à beira do rio, não haverá cheia e as chuvas serão poucas.
Havia na fazenda de meu avô o pesqueiro da Grama, visitado pelos pescadores que dormiam e comiam muito bem. O Rio Mogi era abundante em piavas, piaparas, piracanjuvas, imensidão de dourados já que era um rio de corredeiras, lambarís, trairões, traíras, corimbas, pacus, pintados, mandis e uma infinidade de outros peixes. Como os atuais, pescava-se e pagava-se. No meio havia caçadores em busca de pacas, cotias, capivaras e outros bichos. Na fazenda havia um burro chamado Bronze, um animal perfeito. Além de boa montaria era servo de arado, de carroça e charrete. Era manso, muito bom…Quando meu avô vendeu a fazenda por trinta contos de réis o tal burro valia sete mil réis. Era praticamente 1/4 do preço da fazenda. Muita gente queria comprar o Bronze, mas, meu avô endurecia o jogo e acabava enrolando porque era bom comerciante e muito gozador. O burro, com isso, ficou na fazenda por muitos anos.
Certo dia chega um pessoal, cumprimenta meu avô e oferece os 7 contos de réis pelo burro. Meu avô brincou de novo e não vendeu. Um caboclo que estava com eles, disse: “é pena porque vendendo o burro o senhor ficaria com o dinheiro e o burro viveria muitos anos em outra fazenda. Aqui ele terá pouco tempo de vida”.
O pessoal foi embora e, à noite, Bronze foi para o pasto com outros animais. No outro dia, todos voltaram. Menos o burro. Então fomos até o pasto e lá estava o Bronze parecido com elefante e, ao seu lado, uma Urutu morte.