Nhô Pedro

Quando chegou em Araraquara para namorar minha mãe, ele era um homem fino, de botas, luvas, roupa engomada…era radiotelegrafista da Marinha. Casou e foi para São Paulo, na Revolução de 32. Minha mãe ficou sozinha muito tempo porque ele não podia largar o serviço. Até que voltaram para nossa terra e montaram um bar na casa de meu tio Victório. Depois um açougue que não deve ter dado muita sorte. Após, montaram outro bar, o tal de último gole que foi comentado no último artigo. Daí o meu avô comprou a Fazenda de Mogi- Guaçú e meu pai foi tomar conta dela. Minha mãe cozinhava para um mundo de gente de Araraquara que ia pescar naquele rio. Meus pais eram uma espécie de “escravo branco”. O pai cuidava das vacas e porcos que meu avô tinha lá, às centenas. Tratava, ainda, das roças e do rio que era muito piscoso. Quando voltou de lá veio só com as calças porque o paletó havia dado. Foi para Catanduva, como telegrafista da polícia e montou todos os aparelhos até Rio Preto. Moramos lá quando a cidade era apenas uma rua. Após, foi para Catanduva onde exerceu a radiotelegrafia e, ainda, escrivão de polícia. Antes disso tudo ele foi da polícia política do Senador Filinto Muller. Nessa cidade a vida melhorou muito porque era tempo de guerra e o pessoal precisava de salvo- conduto que dava muito trabalho à polícia. De repente, ele largou tudo e voltou para Araraquara onde montou uma fábrica de lingüiça. A fábrica acabou passando para o meu avô quando o meu pai resolveu ser viajante. Bem antes, meu pai morou em Sorocaba onde tinha uma Charutaria e a gente só vinha para Araraquara quando o avô mandava dinheiro para passagens.

Por final foi ser representante comercial de uma empresa de sardinhas, mas, acabou sendo prejudicado em sua aposentadoria. Aliás, quando morreu em Brasília, por causa desse problema previdenciário, o seu corpo demorou quatro dias para chegar em Araraquara. O então INPS de minha mãe acabou sendo pago por mim até que o cunhado de um tio (do Rio de Janeiro) conseguiu uma mísera pensão para ela. O certo é que meu pai acabou trabalhando a vida inteira, sem a cobertura previdenciária. E foi tungado na sua boa fé. Que Deus o tenha!

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