Maria Regina Canhos Vicentin (*)
Existem algumas coisas que só aprendemos com o passar do tempo como, por exemplo, esperar. Quando somos pequeninos queremos tudo na hora, pois vivemos intensamente o presente e, para nós, ele é tudo o que realmente existe. Então nos recusamos a esperar. Lembro como o bolo demorava a ficar pronto. Como era angustiante contar os dias até chegar domingo e, com ele, o parquinho ou a piscina.
Conforme vamos crescendo, aprendemos que nem sempre as coisas acontecem quando e como queremos. Às vezes, temos de esperar muito tempo até alcançarmos nosso objetivo. A espera trabalha nossa paciência e tolerância diante da vida. Somos preparados para enfrentar as dificuldades, com ânimo redobrado, sabedores de que devemos nos sujeitar à vontade do Criador.
Esperar nem sempre é fácil e, de uns tempos para cá, tornou-se particularmente difícil dada a velocidade com que as coisas acontecem. A informatização trouxe uma rapidez incrível, temos em segundos o que levava anos para ser processado. Isso faz acelerar a forma de relacionar com as pessoas e o mundo. Já não queremos perder tempo, pois como diz o ditado: “tempo é dinheiro”. Não podemos correr o risco de perder dinheiro, afinal ele anda curto mesmo, então fazemos tudo depressa. Quando algo quebra a rotina e nos obriga a ficar quietos e esperar, entramos em crise. Não estamos acostumados a esperar, embora tenhamos sido treinados para isso desde pequenos.
Podemos aguardar o desfecho dos acontecimentos esperando o melhor ou o pior, é sempre uma escolha. Penso que esperar com esperança é mais vantajoso e agradável. Nenhum de nós pode alterar o curso da vida, mas eu conheço alguém que pode. Alguém que conhece todos os mistérios e segredos desta viagem. Alguém que fez questão de experimentar por si mesmo o gosto doce e amargo da vida terrena. É provável que você esteja pensando: eu sei de quem ela está falando, é de Jesus, o Deus feito homem! Sim, você acertou, estou me referindo a Jesus. Aquele que veio ao mundo para nos trazer esperança. Já imaginou o que seria da Terra se Jesus não tivesse vindo? Provavelmente um local sem qualquer esperança.
Percebemos, então, que Jesus não veio apenas para redimir nossos erros, mas para confortar nosso coração. O Cristo veio dar um sentido à nossa vida, trazendo a esperança. Lutar por algo que não se vê, toca ou sente, é muito mais difícil que seguir as pegadas de alguém que veio mostrar o caminho. Alguém que deixou discípulos, uma história, um livro sagrado. Alguém que deixou o Natal! Natal de esperança para quem nada tinha, e que agora pode crer na vida eterna, presente de Deus para nós. Natal de esperança é isso. Saber que seu sofrimento não é em vão. Que existe um amanhã glorioso para todos aqueles que esperam confiantes, que buscam o bem, que amam a cada criatura. Natal de esperança é saber que não estamos sós, que há quem cuida de nós. Dois braços abertos para os quais podemos correr como crianças assustadas e descansar certos de que somos acolhidos. Isso é Natal! Natal de esperança!
(*) É psicóloga (E-mail: mrghtin@ig.com.br)