A campanha “Mulheres e Homens contra o Racismo e a Violência” é uma iniciativa inédita da Prefeitura de Araraquara que articula a comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), Dia Internacional de Combate a Violência contra Mulheres (25 de novembro) e Dia Mundial de Luta contra a AIDS (1º de dezembro). Uma parceria entre Prefeitura, Sesc, Câmara Municipal e ONG RNP + Sol.
“Conseguimos no mês da Consciência Negra unificar várias atividades e parceiros. Também é o primeiro aniversário da Aepir (Assessoria Especial de Promoção da Igualdade Racial) e marcaremos este momento com a maior programação do mês de novembro já feita em nossa cidade, voltada para a comunidade negra”, afirma Washington Lúcio Andrade que é assessor especial de Promoção da Igualdade Racial e coordenador do Centro de Referência Afro.
Abertura solene
Várias atividades compõem a programação que se inicia neste domingo (5), com o lançamento do Inventário Memória dos Afrodescendentes de Araraquara, no Centro de Referência Afro. De acordo com Elenice Aparecida de Carvalho, integrante da equipe de produção, foram convidados 86 casais da velha guarda da sociedade negra. Para chegar aos nomes, várias entrevistas foram realizadas para recuperar a história do Baile do Carmo (tema do inventário). “Será um encontro para resgatar casais na faixa etária superior a 65 anos que participaram do Baile do Carmo em algum momento”, conta Elenice.
Louvando ao Senhor
No mesmo domingo, às 19h, na Igreja Santo Antônio (Vila Xavier), haverá uma Missa Afro. Com ritual católico, tem acréscimos de algumas características da religião afro-brasileira e é um pedido da comunidade negra para a abertura do mês da Consciência Negra.
O pai Silvio D’Oxossi, da equipe de coordenação, afirma que a missa em sua quinta edição será celebrada pelo Monsenhor Luiz Carlos Gonçalves. Vestimentas características dos rituais afros, cânticos com atabaques, benção de frutas, apresentação de capoeira, mesa de oferendas e homenagens estão no programa dessa missa-afro.
Pura fraternidade
De acordo com Pai Silvio, o Centro de Referência Afro desenvolveu um cadastramento de Terreiros de Umbanda e Candomblé em Araraquara, e chegou ao número de 43 registros. “Mas faltam ainda uns cinco”, alerta. A idéia é cadastrar os templos para estreitar a comunicação. “Queremos informá-los dos eventos sobre religião afro que serão realizados no município”, diz.
Atividades variadas
A programação segue até 1º de dezembro com a apresentação de MV Bill, no Sesc. O show musical com o grupo Fundo de Quintal, também no Sesc, no dia 9 de novembro, é outra atração aguardada na agenda festiva.
Palestras, samba de roda, feijoada, exposições e capoeira integram a vasta programação da campanha “Mulheres e Homens contra o Racismo e a Violência”.
Políticas públicas
Durante a programação desde mês será lançado o “Seminário Regional Saúde da População Negra” com o objetivo de criar políticas públicas para a saúde da população negra de Araraquara e região (dia 10/11).
No dia 15, acontece o Encontro Regional de Religiões de Matriz Africana, para discussão e abordagem dos problemas enfrentados pelas casas e terreiros da cidade. A atividade conta com palestra de Jorge Carneiro, diretor de Programas da Seppir (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e com a escolha de dois representantes de matriz africana para o Comcedir (Conselho Municipal de Combate à Discriminação Racial).
Teatro Municipal
Em destaque na programação a entrega do Prêmio Zumbi, no Teatro Municipal. Várias apresentações artísticas e lançamento do grupo de dança do Centro de Referência Afro: Adê Obá. Em banto, significa “coroa real”.
Combate a preconceitos
A Prefeitura, durante os seis anos do governo Edinho Silva, tem construído políticas públicas específicas para alterar a situação social das mulheres, negros e portadores de necessidades especiais do município. A integração das lutas e das atividades objetiva unificar mulheres e homens no combate a preconceitos étnico-raciais, a violência contra as mulheres, a homofobia e a discriminação contra portadores de necessidades especiais.
Resgate da cidadania
As datas referenciam as ações do movimento negro, do movimento feminista e do movimento da AIDS pelo resgate da cidadania, da inclusão social e pela participação igualitária na sociedade. Gisele Rocha Côrtes, gestora do Centro de Referência da Mulher, destaca que o dia 25 de novembro referenda um marco histórico de combate à violência que atinge milhares de mulheres de distintas classes sociais, raça/etnia, orientação sexual, religião, escolaridade e idade.
“Estamos focando em nossa campanha a Lei Maria da Penha, sancionada pelo presidente Lula no último dia 7 de agosto. A lei combate a violência contra mulheres e constitui uma grande conquista. Dentre as atividades, será realizada a posse do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres e estamos construindo em conjunto com diversos segmentos um protocolo de atendimento que integre várias ações para o atendimento às mulheres em situação de violência. Unificamos na campanha várias lutas, mulheres e homens, porque somente coletivamente poderemos construir a igualdade”, declara.
Nada de descuidar
Andréa Túbero Silva, a presidente do Fundo Social de Solidariedade, lembra que todos os dias cerca de 6 mil jovens são infectados pelo vírus da Aids no mundo. “De cada dez pessoas, seis tem abaixo de 24 anos e, em sua maioria, infectadas por relações sexuais. De outro lado, nós (educadores, pais, mães e filhos) ainda não nos sentimos à vontade para falar sobre amor, sexo, Aids, camisinha, tráfico e drogas. É nesse sentido que o rapper MV Bill pode dar uma força porque dialoga de forma direta e sensível conosco, contextualizando a adolescência no tempo da Aids e da violência, que transforma o homicídio na maior causa de morte entre os jovens”, assevera a presidente Andréa.