Por Per Bech, com reportagem adicional de Alister Doyle em Oslo
A região central da Europa pode ficar superpovoada devido aos “refugiados das mudanças climáticas”, que se dirigiriam a essa área para fugir do derretimento do Ártico ao norte e das secas no Mediterrâneo ao sul, disse na sexta-feira a chefe da Agência Européia do Meio Ambiente (EEA).
Populações indígenas do Ártico dizem que o aquecimento global é uma ameaça a sua cultura porque o fenômeno derrete o gelo no qual caçam focas e ursos polares, animais de que dependem.
E alguns cientistas afirmam que a elevação das temperaturas médias da Terra faria do sul da Europa uma região mais seca.
“Acho que mesmo dentro da Europa, do Mediterrâneo ao Ártico, há indícios suficientes para cogitarmos a possibilidade de que teremos ‘refugiados das mudanças climáticas”‘, disse Jacqueline McGlade, diretora-executiva da EEA, um braço da União Européia (UE).
“As dificuldades aparecerão quando os moradores do norte começarem a fugir por causa do derretimento da permafrost (o chão congelado da região) e quando as pessoas do sul começarem a se locomover devido à seca. Todos vão acabar na região central (da Europa)”, afirmou McGlade.
O painel de cientistas que aconselha a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que as temperaturas do planeta vão se elevar entre 1,4 e 5,8 graus Celsius até 2100, aumentando o número de enchentes e secas, derretendo áreas de gelo e levando milhares de espécies à extinção.
Muitos cientistas afirmam que a emissão de gases do efeito estufa, em especial do dióxido de carbono resultante da queima de combustíveis fósseis, é a principal responsável pelo fenômeno.