A microempresária Renata Cristina Palavisini de Carvalho, que atua no ramo de lingerie, tornou-se um exemplo bem sucedido de utilização do microcrédito do Banco do Povo de Araraquara. Em quatro anos, desde que começou a obter financiamento, o faturamento de sua empresa aumentou 358%.
O caso da empresária acabou sendo tema para o trabalho de conclusão de curso de Administração na Uniara de Paulo Alexandre da Silva, que também é agente de crédito do Banco do Povo.
Renata fez quatro empréstimos. O primeiro, em 2002, para a aquisição de matéria-prima. O segundo, destinado à compra de uma maquina de costura, que aumentou a produção e melhorou a qualidade dos seus produtos. O terceiro e quarto foram para o capital de giro. No último empréstimo, Renata conseguiu um novo fornecedor de elástico, de Santa Catarina, que exigia pagamento à vista e a aquisição de uma quantidade mínima. Neste mesmo período, a capacidade de pagamento da empresária aumentou significativamente, 415%.
Ela continua a produzir em sua própria casa, com sete máquinas de costura, mas já procura um novo local. “Além da confecção, montei uma loja em minha casa para vender material para outros empresários do setor”, afirma. Atualmente conta com cinco funcionários. Na época em que fez o primeiro empréstimo, trabalhava sozinha.
Alavanca
Segundo Paulo Alexandre Silva, o microcrédito atende a diversos novos empreendimentos que não seriam contemplados pelas instituições financeiras tradicionais, pois não possuem as garantias exigidas, apesar de serem importantes geradores de trabalho e renda.
Um relatório do Banco do Povo, divulgado em novembro do ano passado, mostra que 45% dos créditos liberados são para mulheres e 71% para o mercado informal.
Para o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Paulo Sérgio Sgobbi, os dados mostram uma mudança de comportamento da sociedade. “Esse dinheiro, na maior parte dos casos, está sendo usado para profissionalizar uma atividade até então doméstica, a partir de uma habilidade, e que agora está agregando valor à economia familiar”, afirma.
O caso de Renata ilustra bem a afirmação do secretário. Ela iniciou as atividades em 1997, quando deixou o emprego no comércio para cuidar dos filhos em casa. Depois, decidiu fazer um curso de confecção de moletom e lingerie no Sesi (Serviço Social da Industria). “Até então, eu não tinha nenhuma experiência na área”, afirma ela.
O Banco do Povo é uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Araraquara e o Governo do Estado, e tem como finalidade financiar empreendedores de pequenos negócios, com firma aberta ou não, que comprovem baixa renda.
Desde que foi criado, o banco já liberou 328 créditos, provenientes de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), e que totalizam R$ 889.142,60. Os requisitos para a obtenção do crédito são: estar na atividade há mais de seis meses e residir na cidade há mais de dois anos. O Banco está localizado na avenida Duque de Caxias, 277.