Doroty Ap. Sampaio da Fonseca (*)
Que saudade dos meus vizinhos, tão amigos e solidários como se fossem nossos familiares.
Por que saudade? Saindo da minha cidadezinha Gavião Peixoto para os grandes centros, senti e vivi o isolamento das pessoas.
Na minha cidadezinha os Armazéns de Secos e Molhados vendiam fiado. As farmácias não deixavam seus doentes sem atendimento. Aqueles que tinham carro (que eram poucos) serviam de ambulância para atender a quem precisasse.
O Cartão de Crédito eram as palavras, a seriedade nos compromissos.
A Escola era realmente o segundo lar. Os professores amigos além dos seus alunos conheciam também seus familiares. O “aluno problema” era raro pois todos ajudavam na vigilância e no seu encaminhamento.
Esses meninos (quase sempre meninos) raramente se desviavam e caminhavam para um comportamento criticável.
O que vemos hoje? Indiferença, falta de amizade e solidariedade das famílias. As Famílias vivem sós e isoladas.
Observando as cidades em geral, bairros e residências o que encontramos? Portões com todo o tipo de tranca, visores, cercas elétricas, etc. Verdadeiras cadeias familiares.
O que estará faltando nos relacionamentos humanos? Acreditamos que se conhecermos melhor os nossos vizinhos, nossos bairros e nossa população poderemos transformar isso.
Acreditamos, ainda, que estão faltando amizade, religião, amor e diálogo entre as pessoa principalmente com os mais jovens.
Os estudiosos do comportamento humano vivem pregando isso. Por que será?
Tenho a sorte ou felicidade de morar nesta cidade, no mesmo bairro e na mesma casa, há 24 anos.
No meu bairro “O Viver” dos seus habitantes ainda lembra as cidades de antigamente. Continuamos dizendo bom dia, boa tarde ou boa noite quando cruzamos com as pessoas mais próximas ou não. Os dois quarteirões onde resido lembram muito a minha cidadezinha, pois, todos se conhecem e se auxiliam.
Os nossos vizinhos usam ainda: me empresta um ovo? Empresta uma cebola? Pode ficar com a chave da minha casa, eu volto logo! Preciso ir ao médico e não tenho quem me acompanhe, pode ir comigo?.
A rua ainda é o Parque Infantil, com brincadeiras que já estavam esquecidas pelas crianças. Precisamos voltar a nos dar as mãos.
Em nosso quarteirão fazemos Festa Junina, Almoço de Natal, Amigo oculto também.
Como sou uma Profissional de Saúde, sou muito procurada. Brinco que sou “S.O.S vizinhança”.
Ouço e ajudo com o maior prazer os que me procuram.
O Bairro é bem pacífico, com poucos desvios de comportamento. Em nossos dois quarteirões atribuo essa tranqüilidade à vivência e solidariedade que trocamos. Os vizinhos recém chegados, ainda um pouco arredios, começam a se agregar.
A Associação de Bairros não seria uma forma de reunir os moradores? Acho que isso seria uma forma positiva.
Não existe nada mais gratificante do que ao ajudar o nosso próximo receber um “Muito obrigado, Deus lhe pague.”
Experimente, tente mudar um pouco o seu comportamento e garanto que valerá a pena.
(*) Integrante da Aben – Associação Brasileira de Enfermagem (Araraquara).