O Coordenador técnico do PS de Araraquara, Dr. Antonino Gaudino Eduardo Neto, aceita o julgamento do cardiologista Bráulio Luna Filho (do Cremesp) de que “40% deles não tem condição de exercer a medicina e que procuram o serviço de emergência onde os pacientes estão no limite. Principalmente nessa área, os médicos são jovens e despreparados”.
Registro
Nos Estados Unidos é preciso prestar exame (nos moldes da OAB) para que o médico obtenha seu registro. No Brasil, não. Apenas o diploma e já começa a trabalhar. “E não vejo nenhuma universidade reprovar aluno”, diz o cardiologista Bráulio Luna Filho que leciona na Escola Paulista de Medicina. O coordenador do exame (onde participam os melhores e mais aplicados), diz que há excesso de médicos: 1 para 474 habitantes no estado e 1 para cada 263 na capital. Todo ano formam-se 2.300 novos médicos. Afirma também que as denúncias contra médicos aumentaram 150% de 1 995 a 2 005.
A Dra. Adriane Reis, coordenadora da preceptoria do Hospital do Servidor Público, afirma que muitos médicos “não sabem avaliar os casos, têm dificuldade em prescrever medicamentos e o número de médicos recém-formados, com graves limitações, está aumentando”. Na reportagem inserida na edição de domingo do Diário de São Paulo (4 de fevereiro, página A3), a médica-coordenadora diz que tem medo dos que não fazem residência. Enquanto isso, o Sindicato dos Médicos de São Paulo apresenta dados de que “mais da metade dos médicos não fazem residência”.
O Dr. Antonino Gaudino Eduardo Neto, Coordenador Técnico do Pronto Socorro do Melhado, concorda com essas afirmações?
“Considero-as com um fundamento muito importante. Inclusive temos debatido isso com bastante insistência. Costumo dizer que nós estamos nas emergências médicas do Brasil padecendo de melhores condições. Para entender melhor vou fazer uma analogia com o futebol. Hoje temos no Brasil o jogador mais jovem e o mais velho, pois, o atleta nesse interregno, no auge de sua forma física e técnica, foi cristalizar o sucesso e conseguir excelente grana em times estrangeiros. Temos assim o médico no início de carreira ou o médico mais velho, em final de carreira. Isso é uma realidade porque o profissional sai da faculdade e não consegue uma locação no mercado de trabalho. Ou passa numa residência e recebe baixa remuneração (bolsa de R$ 1.400), tendo que fazer plantão de 24 horas no final de semana em outro local. Após essa jornada, já estressado, apresenta-se para a seqüência da sua residência que em muitos casos é entendida como mão de obra barata para hospitais. Essa verdade preocupa muito.
Suportes avançados
Diante desse quadro, algumas sociedades criaram cursos avançados de vida em várias especialidades. Visam oferecer ao médico o saber, a certeza, calma e determinação para garantir a vida do paciente na primeira hora. A chamada Hora de Ouro, com uma seqüência correta de atendimento onde o profissional hierarquiza os procedimentos baseados no sistema internacional que denominamos de o “ABC da vida”.
No PS: a divisão
com competência
Temos o socorrista, que fica no SAMU. O clínico geral, na ala verde, para fazer o atendimento ambulatorial e eventual encaminhamento. O médico mais jovem, devidamente concursado, fica no setor de acolhimento. É chamado de médico-acolhedor preferencialmente com a formação de médico da família, com recursos humanistas. Na emergência, um médico focado nos procedimentos mais complexos, até invasivos. Com a tranqüilidade suficiente que alguns podem tachar de frieza. Com credenciais de suporte avançado (cardiologia, pediatria e traumatologia) para atuar nessa área vital com a finalidade e batalhar pela sobrevivência do paciente”.