Jonas Bezerra dos Anjos (*)
Se o ataque dos Estados Unidos ao Iraque tinha como objetivo solapar a ira causada em 11 de setembro de 2001, o tiro pode ter atingido o alvo errado. Querer execrar um ditador do poder sobre mentirosos argumentos de proteger o mundo contra o terrorismo é no mínimo um estado cético de morbidez daquele que se propõe impor sua doutrina.
O Iraque de Saddan Hussein é tão frágil belicamente em relação aos Estados Unidos que as agências de notícias internacionais e a rede de TV norte-americana CNN, sob a mordaça do Pentágono, tentam criar fatos para justificar uma guerra hipócrita e cercada de interesses meramente econômicos.
Fatos como esses marcam a história e traz à tona profundas cicatrizes do século 20, um século em que as guerras mataram mais pessoas do que em toda a história da humanidade. Um verdadeiro genocídio generalizado (desculpe-me a redundância de idéias).
W. Bush e seu porta-voz britânico Tony Blair são mentirosos e vexatórios quando afirmam que irão transformar o Iraque num país mais democrático e livre. Depois de 12 anos da primeira Guerra do Golfo, Kuait passa por sérios problemas econômicos e sociais até hoje. Recentemente, sob o pretexto de matar Osama bin Laden, os Estados Unidos usaram de todos os artifícios para mascarar uma realidade e atacar o Afeganistão, país que ele próprio armou contra o império comunista de Moscou e depois o abandonou.
As idéias mirabolantes do presidente norte-americano colocaram os Estados Unidos num cenário internacional ímpar. Praticando uma política unilateral W. Bush desrespeitou as resoluções da ONU e subjugou as opiniões de países contrários à guerra. No mesmo bonde, depois de uma grotesca manipulação da mídia, a xenofobia americana boicotou os produtos importados da França como repúdio à posição do seu presidente, Jacques Chirac. Esse furor norte-americano causou um certo mal-estar diplomático com a Europa.
O show da vida
Torna-se sórdido assistir aos noticiários sobre alta ou queda das bolsas pelo mundo, principalmente a Dow Jones e Nasdaq, quando informações dizem que a guerra “cirúrgica” será rápida ou demorada. Brincam como se os civis mortos ou mutilados pela guerra fossem meros coadjuvantes de um campo de batalha.
Entrando no outro bonde da história, a mídia é cúmplice e persuasiva dessa barbárie. Embora, há no momento maior transparência dos fatos, ela ainda é amordaçada ideologicamente. Os efeitos da guerra sob o povo iraquiano, principalmente, são mostrados de forma distorcida.
Questiona-se muito a cobertura dos veículos de comunicação em guerras ou conflitos. O que é notícia hoje amanhã pode não ser. Assim gira essa máquina persuasiva e quixotesca. Para ilustrar essa afirmação, depois de terminada a Guerra do Golfo, em 1991, soldados americanos enterraram vivos milhares de soldados iraquianos, cometendo assim uma verdadeira atrocidade. Tal fato, que relembrou os campos de concentração da Segunda Guerra, não virou notícia.
De forma patética, burlesca e unilateral, a mídia se alimenta do fato presente. Para ela o pós-fato é uma matéria-prima inócua e desinteressante.
(*)É jornalista-assessor de Américo Brasiliense