O vício de navegar na internet atinge muitas crianças
O vicio em Internet se tornou mais preocupante por suas jovens vítimas. Menores de idade têm o computador como principal companhia e, para todo tipo de classe social, isso é extremamente prejudicial.
A pisicopedagoga Sônia Maria Molan Gaban explica que o problema não é a Internet mas sim a relação que se estabelece com ela. “Tudo que é em excesso não é bom. Se a criança fica somente no computador, como fica a capacidade de se relacionar? A riqueza da relação está na troca e a virtual não substitui a presencial. A disciplina é importante”.
A disciplina mencionada em dúvida falta para essas crianças, foi o que mostrou Sergio Costa no Jornal Folha de S. Paulo. A inclusão digital ocorre de forma desorientada e a Internet é usada como uma fuga para os adolescentes de classe baixa. “Um clique e a miséria ao redor se transforma em brilho e sedução”, escreveu.
No país já foram registrados casos em que o jovem se prostituía para passar algumas horas conectado e outros em que crianças passam fome, mas não dispensam os poucos minutos no universo da Internet.
Investigação
de estupro
A ilusão virtual de ter e ser o que quiser se transforma em perigo real se não houver responsabilidade. Em Franca é investigado um caso de estupro de duas primas de 13 anos após encontro marcado pela Internet com dois rapazes de 19, com quem mantinham contato através de sites de bate papo (Orkut). Eles se encontraram na porta da lan house e foram ao motel, onde ficaram até à noite. A mãe de uma das garotas, desconfiada, pressionou a filha que confessou o ocorrido. Foi registrada queixa na delegacia e as meninas disseram que não foram obrigadas a fazer sexo com os rapazes.
A inocência de uma delas é tão grande que chegou a dizer que não tem certeza se houve penetração.
A delegada que apura do caso explicou que o estupro ocorreu porque as meninas têm menos de 14 anos e não porque houve violência ou ausência de consentimento. A baixa idade das vítimas fez o caso ser tratado como crime de estupro por violência presumida.
Maturidade
Casos parecidos com o das primas de Franca são não raros já que geralmente as crianças não possuem maturidade suficiente para lidar sozinha com o mundo virtual. Em Araraquara é necessária autorização dos pais para que um menor de idade freqüente uma lan house e se estiver com uniforme da escola, não pode entrar.
Há alguns anos a cidade apresentou uma série de problemas com crianças saindo da aula para freqüentar lan houses e por isso foram tomadas essas medidas.
O estudante araraquarense Pedro*, de 11 anos, explica que quando consegue dinheiro corre para jogar na Internet. “Junto moedas que ganho da minha mãe e uso na lan house. O que mais gosto são jogos de luta onde disputo com pessoas do mundo inteiro”, diz fascinado. O estudante revela que seus pais não o proíbem de jogar na internet. “Eles só dizem que eu deveria usar o dinheiro para algo melhor mas não sei o que pode ser melhor que isso”.
Poder de
sedução
A Internet motiva a curiosidade natural tornando a criança vulnerável à novidade. É preciso que os pais estabeleçam limites e isso não significa proibir o uso do computador, mas, conhecer a Internet para depois estudar as indispensáveis limitações. Para uma inclusão digital segura, os adultos devem se incluir também. (Luiza Paiva, especial para o J.A.)