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A indústria do Estado de São Paulo fechou janeiro com o pior desempenho para o mês em quatro anos.
O INA (Índice do Nível de Atividade), calculado pelo Ciesp e pela Fiesp, apontou queda de 3% no mês passado em relação a dezembro, considerando o ajuste sazonal –que atenua efeitos típicos de cada período. Sem esse ajuste sazonal, a queda chega a 5,1%.
Para o diretor do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Francini, o dado de janeiro “não surpreendeu”.
Segundo o diretor do Departamento de Economia do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Bóris Tabacof, janeiro, tradicionalmente, é um mês mais fraco para a indústria.
O fato, porém, é que o desempenho no mês passado ficou bem aquém do verificado nos últimos anos.
Em janeiro do ano passado, por exemplo, quando a economia do país estava menos aquecida, o INA apontou expansão de 2,6% –dado ajustado sazonalmente. Em 2003, houve queda de 0,7% e em 2002, alta de 2,5%.
O juro alto, a desvalorização do dólar –que prejudica as exportações, segundo os industriais– e o peso dos tributos na indústria são alguns dos fatores que influenciaram a queda na produção.
Todos os indicadores de conjuntura divulgados hoje pela Fiesp/Ciesp apontaram resultados negativos.
As vendas reais caíram 8,4% em relação a dezembro. As horas trabalhadas na produção recuaram 3,3% e as pagas, 2,1%.
O dados negativos, entretanto, não devem ser considerados uma tendência para o ano, segundo Francini.
“Não temos ainda, estatisticamente, como dizer que está estabelecido o ritmo de queda”, afirmou.
Para os industriais, a tendência do nível de atividade vai depender da trajetória do juro básico da economia.
“A indústria está crescendo menos do que podia. O freio está sendo dado, mas a economia está mostrando capacidade de resistir a isso. O sistema financeiro e o comércio estão buscando formas de não serem asfixiados pela Selic”, disse Tabacof.