Alessandra Saraiva
Choques climáticos no setor agrícola, no varejo e no atacado, impulsionaram a alta de 1,46% no Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio, muito acima dos 1,15% observados pelo indicador em abril. A avaliação é do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros.
“Mas a alta do IGP-DI deve ser transitória e não deve se sustentar, porque as coisas que mais impactaram foram as que têm a ver com choques climáticos, como aumento de hortaliças e aumento de frutas, que em um mês sobem muito, mas no mês seguinte diminuem”, afirmou o economista.
Segundo ele, os produtos agrícolas dentro do Índice de Preços por Atacado (IPA-DI) passaram de 0,80% para 2,71% de abril para maio, uma aceleração muito grande que não foi acompanhada pelos produtos industriais, que passaram de 1,86% para 1,32% no mesmo período.
“Somente o grupo legumes e frutas no atacado passou de queda de 1,65% em abril para alta de 8,10% em maio”, afirmou, explicando que a antecipação da chegada do frio, em algumas regiões, ocasionou geadas em localidades que têm cultivo estreito ao estado do clima.
Influência sobre preços administrados
O IGP-DI está em “trajetória elevada” nos indicadores acumulados dos últimos 12 meses, alertou o economista da FGV. Ele observou que o IGP-DI acumulado nos últimos 12 meses até maio registrou alta de 7,97%, ante os 5,71% observados no acumulado até abril.
Para ele, se este indicador continuar assim, é possível que o acumulado do IGP-DI em 12 meses possa superar o patamar dos 10%, nos próximos dois meses. Ele lembrou que o IGP-DI acumulado é usado para indexar contratos e algumas tarifas administradas.