O encontro, que também teve formato híbrido, com participação presencial e online dos palestrantes, contou com o apoio da Prefeitura de Araraquara. Participaram pesquisadores, membros de universidades, representantes das entidades dos trabalhadores, direção da Volkswagen e da Toyota, além de representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e outras instituições.
O Painel 1 contou com o tema “Rotas tecnológicas para a mobilidade sustentável” e teve a mediação de Eduardo Leão (diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar-UNICA). Os participantes foram Wanderlei Marinho da Silva (professor universitário e membro do Conselho da SAE Brasil), Pablo Di Si (presidente e CEO da Volkswagen Região SAM-América do Sul, América Central e Caribe) e Thiago Sugahara (vice-presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico-ABVE e gerente de Assuntos Governamentais da Toyota do Brasil).
Wanderlei Marinho da Silva falou sobre os desafios e oportunidades da mobilidade elétrica no Brasil. Ele iniciou sua participação falando sobre as motivações para a eletrificação da área automotiva. “A população global tem hoje aproximadamente 7,2 bilhões de pessoas e vai crescer para 8,3 bilhões em 2030, necessitando de soluções de mobilidade e meios de transporte especializados e eficientes. Existe a busca pela independência energética dos combustíveis fósseis, em particular do petróleo, e nós estamos trabalhando para uma mobilidade livre de emissões, que nós chamamos de descarbonização e mundialmente é chamada de NetZero 2050. Consequentemente, com a mobilidade elétrica, teremos também a poluição sonora diminuída, além de eficiência e segurança nos meios de transporte”, apontou o professor, que abordou ainda o ecossistema da mobilidade, a transição no setor automotivo, detalhes e comparações sobre a produção de baterias automotivas no mundo e as questões para os profissionais do futuro.
O mediador Eduardo Leão pontuou a importância de um mundo com a coexistência de diversas tecnologias e da relevância do papel da inovação que será desempenhada pelas empresas e pelos empreendedores de uma maneira geral nesse processo. “Um grande desafio que vamos ter nesse século também será a necessidade da descarbonização da economia de uma maneira geral. Os transportes, nesse sentido, representam quase 25% de todas as emissões de gases do efeito estufa, que causam o aquecimento global”, salientou o diretor executivo da UNICA, que questionou os representantes da indústria sobre como elas pretendem se posicionar diante desses desafios nas próximas décadas.
Thiago Sugahara ressaltou que a indústria automotiva tem um desafio enorme pela frente, que é transformar a mobilidade na forma como é conhecida hoje. “A Toyota Motor Corporation tem um desafio global. Até 2050 precisamos zerar nossas emissões de carbono e obviamente não podemos esperar até 2049 para iniciar essa transição. De fato essa transição já teve início. Inclusive neste ano a Toyota tem um marco muito importante, pois celebra os 25 anos do início da produção do primeiro veículo híbrido em escala comercial. Em 1997 a Toyota lançava o Toyota Prius, que foi a base para o início do desenvolvimento dos veículos eletrificados, em especial dos veículos híbridos. De lá para cá, a Toyota conseguiu desenvolver mais de 60 modelos comercializados de veículos eletrificados”, revelou o gerente de Assuntos Governamentais da Toyota do Brasil. Segundo ele, a fabricante ultrapassou a marca de 20 milhões de veículos eletrificados e com eles foram deixados de emitir mais de 160 milhões de toneladas de carbono e ao mesmo tempo foram deixados de consumir 65 bilhões de litros de combustível fóssil. “A Toyota acredita que a eletrificação é uma ferramenta para a descarbonização. O inimigo é o carbono e precisamos buscar as melhores tecnologias e o melhor conjunto para poder atingir esse objetivo”, acrescentou.
Pablo Di Si falou sobre a importância do entendimento da redução de CO2. “Quando falamos de descarbonizar, estamos nos referindo a descarbonizar o mundo e não descarbonizar somente os escapamentos dos veículos. Isso significa que as políticas no Brasil e no mundo olham a redução de CO2 só olhando o escapamento, quando na realidade é preciso olhar desde o início até o fim, de como é produzido esse combustível, seja petróleo, seja etanol, ou qualquer outro. No caso dos carros elétricos, também é preciso considerar quanto CO2 é produzido para gerar cobalto, para gerar lítio, entre outros. Quando falamos de tecnologia, seja de veículo elétrico, híbrido ou flex, precisamos ter uma política pública que olhe o todo, não um pedacinho. Quando você olha uma parte, você começa a ter conclusões equivocadas. Um carro a etanol hoje consome menos que um carro elétrico na Europa, porém isso não quer dizer que a Europa está equivocada. Na Europa não tem etanol. Mas a Europa e os Estados Unidos dão créditos de 8 mil, 10 mil euros ou dólares para o consumidor mexer nessa indústria e acelerar a eletrificação. Isso beneficia indústrias de bateria, indústria de reciclagens, indústrias de carros elétricos, indústrias de semicondutores, então eles estão gerando uma nova indústria, se transformando radicalmente e essa não é a nossa realidade”, explanou o representante da Volkswagen, que acrescentou que também é preciso pensar na parte social, visto que o agronegócio e o setor automotivo geram juntos 20 milhões de empregos diretos e indiretos.
Painel 2
O Painel 2 abordou o tema “Marco legal para o motor do futuro”, com a mediação do Dr. Rodrigo Fernando Costa Marques (coordenador do CEMPEQC) e a participação de Margarete Gandini (coordenadora geral de Implementação e Fiscalização de Regimes Automotivos do Ministério da Economia), Evandro Gussi (CEO da União da Indústria de Cana-de-Açúcar-UNICA) e Erick Silva (presidente da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da CUT-SP – FEM-CUT/SP).
Híbrido etanol
O Brasil, que há décadas já utiliza o etanol como combustível limpo, é classificado como a principal fonte sustentável com base em biocombustíveis do mundo e seu etanol de cana-de-açúcar é considerado o combustível alternativo mais bem sucedido até o momento. Entretanto, a indústria automobilística global passa atualmente por uma de suas maiores reinvenções e caminha para um futuro sustentável. A novidade, que norteia o evento, é o desenvolvimento de veículos híbridos elétricos com propulsor a combustão movido exclusivamente a etanol.
A ideia envolve um sistema híbrido, composto por um motor a etanol associado a um elétrico, e as perspectivas da célula de hidrogênio. Assim, esses veículos não teriam a necessidade de serem carregados na tomada e teriam a vantagem de ter uma pegada de carbono menor do que a dos veículos somente elétricos, desde a fabricação até o descarte, o que seria de extrema relevância no atual momento em que a preocupação com o meio ambiente é uma das prioridades exigidas pelo mercado.
Sobre o evento
O evento “Híbrido Etanol: o Motor do Futuro” foi organizado pela Federação dos Metalúrgicos do Estado de São Paulo (FEM-CUT/SP), União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e pelo Centro Multidisciplinar de Pesquisa em Combustíveis, Biocombustíveis, Petróleo e Derivados (CEMPEQC). O encontro virtual também contou com apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, da Prefeitura de Araraquara, das montadoras Volkswagen e Toyota e do CEAR, e teve como apoiadores de mídia a EPTV, os portais de notícias G1, A Cidade On e a rádio CBN São Carlos. A produção é da O.A. Eventos, empresa do Grupo EP.
O evento também contou com a participação de Industriall Brasil, Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (Tid Brasil), Confederação Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CNM/CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), Federação dos Trabalhadores do Ramo Químicos da CUT do Estado de São Paulo (FETIQUIM/CUT), Sindicato da Micro e Pequena Indústria (SIMPI), Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (SINDIPEÇAS), Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não-Ferrosos do Estado de São Paulo (SINDICEL) e Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (FERAESP).
O evento “Híbrido Etanol: O Motor do Futuro” terá novas edições no dia 10 de maio em Sorocaba (esse presencial e também com a inclusão de novas entidades) e em 22 de junho no Vale do Paraíba.
PREFEITURA DE ARARAQUARA