Filósofos e psicanalistas apostam que o amigo voltará a ocupar um papel de destaque na sociedade deste século. O motivo principal seria a percepção de que a preocupação exclusiva com interesses individuais não satisfará o ser humano.
No livro “O Clarão – O Romance do Amigo”, a psicanalista Betty Millan afirma que “os tempos atuais podem não ser favoráveis à amizade, mas ela está sendo revalorizada porque nós precisamos de um saber novo, e o saber do amigo é eminentemente moderno. Ele pode ensinar a conter a violência e conquistar a paz, porque o amigo é o pacifista que os tempos de hoje precisam”.
Logo que veio morar em Araraquara, o cirurgião plástico e advogado Guaracy Lourenço da Costa se ligou à Igreja Presbiteriana. Foi dali que surgiu sua amizade com Samuel. “A maior família que existia era Iosti. O avô materno de Samuel, Benjamin Iosti, teve um batalhão de filhos, a maior parte radicada na Igreja”.
Na verdade, a amizade começou tempos após conhecer uma das tias de Samuel. “Lembro-me que ele precisou de mim como médico. Foi esse nosso primeiro contato. Mais tarde surgiu o laço profissional. Hoje, dizemos que somos irmãos três vezes. Temos o laço rotariano, o religioso e o outro ‘fica em segredo’. Não é amigo?”, diz Guaracy.
Como Samuel foi gerente administrativo do Instituto Pinheiros, depois propagandista e vendedor do antigo laboratório Carlo Erba, costumava levar medicamentos a Guaracy, que na época era diretor clínico da Associação dos Fornecedores de Cana.
Na opinião de Guaracy, foi o jeito prestativo de Samuel que tocou o seu coração. “A amizade nasce de um traço comportamental que identifica as pessoas e leva a uma relação duradoura. Em nosso caso, ela é tão forte que conhecemos detalhes da vida de nossas famílias “, considera.