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Mato tomou conta de calçada em frente a galpão da empresa Trill, na área central, dificultando até acesso a ponto de ônibus.

Luigi Polezze

DOENÇAS E INTERNAÇÕES

Só sabe o que sente, ao vermos um ente amado doente precisando de hospital, quem passa por isso. Histórias são tantas. Muitas, infelizmente, com final triste: seja um eventual atendimento defeituoso, seja o evento tão indesejado, a morte. A todos, que passam no momento por esta provação ou que já passaram por tanto estresse, nossa profunda solidariedade.

O texto a seguir toma por base fatos da semana passada. O final foi feliz.

CRÔNICA DE UMA INTERNAÇÃO

Era uma terça-feira (dia 19 passado), tentamos chamar a ambulância por volta das 8:20 da manhã, mas conseguimos entrar em contato com o serviço mesmo somente umas 8:30. Houve uma certa burocracia para validar dados e pedir o transporte.

Chegaram umas 9:10. Colocaram a paciente na ambulância com suavidade. Foi um alívio.

O caminho até o hospital, contudo, foi angustiante. O estado das ruas da cidade incomodou muito. A maca não parava quieta, deixando a paciente desconfortável. O motorista bem que tentou, mas não consegui evitar os buracos das ruas araraquarenses.

Chegamos no hospital, e fui separado da paciente: tive que preencher alguns documentos. Examinaram a pressão e temperatura da paciente: estavam ok. Após, iniciou-se um teste de paciência. E haja paciência.

Mais de uma hora só para começar a aplicar o soro: colocado, mais ou menos, às 10:40 (também, coletaram uma amostra de sangue). Havíamos chegado umas 9:30. A paciente estava na maca (desidratada, com dor, mal estar, enjoos e tontura), no setor de medicação.

Após, ficamos aguardando o exame de sangue. A surpresa foi que o resultado já havia chegado, mas uma das enfermeiras parece ter esquecido de colocá-lo para avaliação do médico. Somente duas horas depois, após muito questionar, outra enfermeira foi averiguar e, de fato, constatou que não haviam entregue o exame. Outra hora até o médico pegar a ficha da paciente. Preocupação que já era grande só aumentava.

Por volta das 15 horas, o médico decidiu que a paciente deveria ser internada. Logo em seguida, foi dado outro soro à paciente. Dessa vez, não demoraram. Ufa.

Por fim, o processo de internação. Vou retirar o “ufa”.

Bem, foi rápido somente para registrar a necessidade da internação, levar os documentos para o setor responsável para separar o quarto e preparar o termo de responsabilidade. Mas, com as emoções na flor da pele, esse setor parecia lento. Talvez nem fosse, na verdade. Mas vai explicar isso para nosso emocional, acompanhando familiar amado passando mal.

Deixe explicar. Com a ficha pronta e enviada para o setor responsável pela reserva do quarto, ela entra numa fila. E a fila era difícil de entender. Parecia que precisava reclamar para que nossa ficha fosse atendida.

Resumo da fila: quase duas horas até efetivação da internação. O processo foi estressante. Pior foi a paciente ter de esperar por tudo, sentindo-se mal e continuando na sala de medicação.

Mas eis que a internação se deu. Já era final da tarde. Foi um dia muito cansativo. Paciente podia recuperar-se. Tínhamos esperança de que saísse em breve. E saiu no sábado seguinte (23). No final, deu tudo certo.

Agora, sim: ufa.

ABANDONO DA CIDADE

Soltamos no sábado passado (23) reportagem digital sobre áreas abandonadas na cidade, inclusive, no centro. É tema repetido: já trouxemos o assunto, ao discutirmos o estado lamentável do imóvel do antigo Tropical Shopping, antigo Supermercado Santo Antônio e prédios na Vila Xavier (ao lado dos trilhos).

A esses imóveis, agora, acrescentamos o espaço público descuidado, mas tão descuidado que parece, igualmente, abandonado. Áreas públicas por excelência, como ruas, calçadas, escolas, museus. Muitas, extremamente sujas, acumulando lixo, mato, num ambiente muito propício à infestação do mosquito da dengue.

Necessário registrar: cuidar do espaço em que vivemos, hoje e mais do que nunca, também, é cuidar da saúde pública. É assunto verdadeiramente sanitário e de completa responsabilidade de todos, inclusive e especialmente, do poder público.

Na reportagem – disponível em nossas redes sociais e site -, destacamos, a título de exemplo: mato cobrindo calcada e impedindo acesso a ponto de ônibus, bem frente aos galpões da Trill; mato tomando conta do Museu Ferroviário; ponto de combustível abandonado há anos na Vila Xavier (na avenida Santo Antonio com rua Barão do Rio Branco), com muito lixo acumulado; terreno, na esquina seguinte ao posto abandonado, completamente tomado por matagal, cobrindo inteiramente a calçada.

As fotos repercutiram. Nem poderia ser diferente. Todas muito recentes: tiradas na sexta-feira anterior (22).

O inconformismo é geral: como permitir que se use tão mal o espaço da cidade? Como a municipalidade deixa de cumprir seu dever de limpar seus próprios imóveis? Como deixa de impor limpeza aos imóveis particulares? Como deixa, por tanto tempo, imóveis abandonados, em áreas tão valorizadas, em clara ofensa à função social da propriedade? Como?

Pois bem. Perguntamos à Prefeitura na segunda-feira o seguinte:

1) por que não existe limpeza em imóveis públicos como o museu?
2) por que a calçada de empresa particular (Trill) no centro está tomada por mato, dificultando acesso a ponto de ônibus? Não existe fiscalização e multa?
3) no mesmo sentido, em relação a posto de abastecimento abandonado e terreno na esquina seguinte, tomados por mato e lixo. A prefeitura não exigiu IPTU progressivo? Tomou iniciativa para desapropriação? Ao menos, multou?

Quanto à primeira pergunta, a assessoria de imprensa nos escreveu: “Todos os próprios recebem manutenção periodicamente. No caso do Museu Ferroviário, de acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos, a execução já começou essa semana. Na área referente aos trilhos, a roçada começou na segunda-feira (25). Nesta terça-feira (26), equipes trabalham na escadaria e áreas externas (estacionamento).”

Quanto às duas outras perguntas: “As áreas mencionadas já foram fiscalizadas e os proprietários já foram notificados. Neste momento, a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos aguarda o término dos prazos legais para aplicação das multas correspondentes. Caso a notificação não seja atendida, além de multa, as equipes farão a limpeza e, posteriormente, será feita cobrança dos serviços executados.”

Reiteramos, em seguida, nosso questionamento sobre uso de IPTU progressivo, chegando em desapropriação (mas com pagamento via títulos públicos) – tudo conforme o Estatuto da Cidade -, mas, até o fechamento da edição, não recebemos manifestação a respeito.

Fato é que, a despeito das respostas da aparente execução de penalidades, a simples imposição de multa e/ou cobranças de serviços de limpeza não bastam. Não estão sendo efetivos. Isso é fácil de concluir: a cidade está nojenta, as pessoas estão adoecendo. E boa parte desse contexto se deve à insistência pelo poder público local de omitir-se, deixando de instituir IPTU progressivo e desapropriação de imóveis abandonados, além de falhar na fiscalização e serviços de zeladoria.

Deixando de fazer essa espécie de controle do espaço da cidade, Araraquara permite uso especulativo da propriedade, com benefício e interesse de poucas, pouquíssimas pessoas. Em contrapartida, com prejuízo enorme para toda a coletividade: seja pela sujeira, insegurança (por crimes potencializados em áreas abandonadas, que facilitam sejamos pegos numa “tocaia”) ou infestação de mosquitos, agravando (ou seria criando?) a atual epidemia de dengue pela qual passamos.

Quem nos acompanhou até aqui tenha um excelente final de semana e até a próxima, se Deus assim o permitir.

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