João Baptista Galhardo
A imprensa noticiou por todos meios que em Washington um gato de uma clínica de Rhode Island, nos Estados Unidos, pode prever a morte em poucas horas dos pacientes idosos que visita. É o que revelou um médico geriatra da revista The Nex England Journal of Medicine. Quando Óscar, o gato, visita os residentes do Centro de Reabilitação para Idosos de Providence, o pessoal da clínica entra em ação, já sabendo que alguém morrerá nas próximas horas. Segundo o médico Oscar Sosa, o animal foi ao leito de mais de 25 residentes da clínica pouco antes deles morrerem. O gato de dois anos de idade “parece não cometer muitos erros”, disse o médico. “O gato parece compreender que os pacientes estão a ponto de morrer”, acrescentou. Joan Teno, diz o artigo, professora de saúde comunitária da Universidade Brown, que atende aos pacientes da clínica, afasta o ceticismo. “O gato sempre aparece nas últimas duas horas de vida dos pacientes”. Ela não acredita, porém, que o gatinho tenha faculdades paranormais. “É possível que haja uma explicação química”, sugeriu, tentando explicar as fatídicas andanças do gato de pêlo cinza e branco, que passa a maior parte do tempo no terceiro andar, onde vivem os pacientes dementes. Especialistas em comportamento animal especulam, ainda, que o gato pode reagir a pistas inconscientes dadas pelas enfermeiras, ou simplesmente buscar conforto – por exemplo, do calor dos cobertores dos pacientes mais graves (cf. Efe e Associated Press).
Dona Maria tendo lido essa notícia pediu ao marido que levasse o gato de casa para bem longe, de onde não soubesse voltar para casa. Não queria mais o felino na residência por acreditar que traz azar.
O marido colocou o gato dentro de um saco escuro, deu muitas voltas na cidade e o abandonou em lugar muito distante e desconhecido. Quando voltou para casa ficou surpreso, pois o bichano retornara antes dele.
A mulher ficou brava e mandou que levasse o animal para um lugar mais longe e de complicado retorno para casa.
Depois de quatro horas de ausência Dona Maria recebe um ligação:
– Maria, aqui é o Manoel. Por acaso o gato voltou para casa?
– Sim, retornou.
– Por favor, coloque ele no telefone porque eu não sei o caminho de volta.
O gato não faz mal a ninguém, embora bastante místico historicamente. No Japão há os que o consideram um animal de mau augúrio. No Egito venerava-se o gato doméstico, como animal sagrado da deusa Bastet, a protetora do lar, das mães e das crianças. Era sempre representada como uma mulher com cabeça de gato. Na idade média, consideravam o gato, principalmente o preto, animal de bruxa ou símbolo do diabo.
A superstição via nele, portanto, um causador de desgraças.
Na verdade é o gato que deveria ter medo dos homens. Na cidade havia um exímio gozador, passador de trote. Ele, com armadilha, recolhia das ruas os gatos abandonados. Matava, limpava e temperava os bichinhos, guardando apenas a cabeça com o couro. Mandava os felinos para o forno de uma padaria, cujo dono era seu cúmplice nos trotes. De preferência na sexta feira convidava uns amigos para uma rodada de cerveja num salão da própria panificadora, acompanhada de saborosas “lebres” assadas.
Quando os convidados já estavam satisfeitos, elogiando o tempero e o preparo das lebres o gozador, que se fosse vivo autorizaria revelar seu nome, aparecia com as cabeças e couros de gatos e mostrava para os convidados que ficavam sabendo que comeram gato por lebre. Revelada a brincadeira de mau gosto, o gozador pedia segredo, para que na próxima semana pudesse servir outro requintado jantar para novas vítimas.
E se perguntassem ao brincalhão se não era perigoso comer gato, ele respondia com ironia:
– Não, desde que seja com batatas. … nas patas é claro.