Janaina Lage
O vice-diretor gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Agustín Carstens, afirmou nesta segunda-feira, 14, que o Fundo está pronto para ajudar o Brasil com um novo acordo caso seja interesse das autoridades brasileiras.
Carstens elogiou o ajuste fiscal realizado no país e afirmou que o esforço fez bem às finanças brasileiras. Apesar da disponibilidade do representante do Fundo, o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, afirmou que, enquanto o novo acordo não for fechado, o país tem condições de seguir sem o auxílio do Fundo.
‘Eu já teria ouvido o ministro [da Fazenda, Antonio Palocci] dizer que enquanto este assunto não estiver concluído, o Brasil está em condições de seguir caminhos alternativos’, disse.
Na semana passada, Palocci afirmou que não é necessário para o Brasil fechar um novo acordo, o que foi interpretado como um sinal de que o governo deverá optar pela não-renovação do atual acerto. Palocci disse, entretanto, que a decisão final sobre o assunto sai somente em março.
Preocupações
Levy minimizou o impacto sobre o Brasil dos itens destacados por Carstens como os mais preocupantes para a economia global hoje: a alta do petróleo, o desequilíbrio das contas correntes nos EUA e o crescimento da China.
Segundo o secretário, as contas fiscais em ordem e a inflação sob controle criaram melhores condições para o país enfrentar mudanças no cenário externo. Quanto ao crescimento chinês, Levy identifica uma mudança no perfil da demanda de produtos que beneficiaria o Brasil.
Isto porque depois de um forte investimento em expansão, o país estaria disposto agora a melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. Com isso, as importações chinesas teriam uma mudança significativa, avaliada como favorável às exportações brasileiras.
O superávit em conta corrente e a quase auto-suficiência na produção de petróleo seriam os fatores responsáveis pela maior estabilidade do país diante dos focos de preocupação, segundo Levy. O secretário destacou o apoio fiscal como fundamental para a manutenção do quadro de crescimento.