g. polezze
Carta Aberta ao notável e respeitável
Dr. Nicolino Lia Júnior, o médico-interventor da Santa Casa, escolhido pelo prefeito Edinho Silva.
Para o bem da história de Araraquara, em respeito à sua família e ao seu passado de luta, à sua capacidade profissional e o carinho que merecem os trabalhadores e pessoas dotadas de espírito fraternal, por favor: não faça acusação antes de possuir provas mansas, irrefutáveis para que a honra de ninguém seja atingida e sem o direito de defesa. Depois, Doutor, não adianta a absolvição pelo Judiciário.
É dolorido enfrentar o olhar de filhos e amigos diante de dúvidas levantadas de qualquer jeito e estampadas pela imprensa. Uma dor incalculável que não tem remédio. O Senhor conhece algum antídoto para essa dor?
Não se deixe levar, caríssimo Doutor Nicolino, pelos holofotes. Se há suspeitas de “irregularidades em vários setores”, investigue, levante as provas e encaminhe-as ao prefeito Edinho que saberá conduzi-las ao Ministério Público que, ao depois de acionar a Polícia Judiciária, vai arquivar os feitos por falta de ânimo criminal ou dolo ou, por outro lado, se basear na investigação (com provas e oitiva de pessoas que podem alimentar o inquérito de forma responsável) para compor o seu libelo acusatório, cuja denúncia, pelo contraditório, tornará democrática a lide que envolve pessoas. Pessoas que têm família e uma história de vida social, profissional e afetiva.
Esse, sem ares professorais, o caminho de gente de bem e que pode evitar notícias com sabor de condenação, sem o processo legal.
Dr. Nicolino, não se esqueça de que, como interventor da Santa Casa, está envolvendo pessoas e não simples esparadrapos jogados num canto qualquer que, ao depois, vão ser queimados.
Claro que o jornalista pergunta, é sua profissão. Cabe ao Doutor analisar a pertinência e dosar o conteúdo da resposta, a fim de evitar os danosos efeitos colaterais que podem levar ao fim de uma vida profissional e familiar. Até pode, Doutor, não dar nenhuma resposta, adotando-se o lema: o silêncio é de ouro. E, neste caso, é mesmo.
Todo e qualquer agente público deveria se colocar na posição do outro, a fim de temperar suas ações.
Desculpe, Doutor. É o que pensamos ao ler seu depoimento onde afirma que “alguns funcionários foram afastados e colocados em férias para que a comissão possa apurar possíveis irregularidades em seus postos de trabalho”.
Concluindo, Doutor: balance o coqueiro à vontade e com responsabilidade para que todos os eventuais envolvidos e supostos titulares de atos ilícitos possam ser levados à Justiça. Mas, com provas Doutor e subordinado ao bom senso receitado pela melhor cidadania.
A condenação, se houver, cabe ao Judiciário. E não pela imprensa, de forma extemporânea, afoitamente, de maneira unilateral, com marcas profundas e fatais. Pense nisso, Doutor Nicolino Lia Júnior. Obrigado!