Roberto Massafera assina documento de criação da "Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária Paulista", a fim de melhorar infraestrutura de transportes e otimizar o uso do modal ferroviário para desenvolver o Estado.
A Frente deseja promover a utilização racional do que resta da malha ferroviária paulista após a privatização da FEPASA e sua transferência para a Ferrobam, atual América Latina Logística (ALL).
Deputado Massafera alerta para o fato de haver um estrangulamento nos sistemas de transportes de cargas e passageiros defendendo que o Estado deve retomar o poder de gerenciamento do sistema. Hoje, a rede ferroviária é uma concessão federal e as concessionárias obedecem a Brasília.
O deputado destacou que o setor encontra-se excessivamente centralizado nas mãos do governo federal que comanda portos, aeroportos e hidrovias.
Teia de aranha
Relatório da CPI das Ferrovias, encerrada em 2010, denuncia o abandono da rede ferroviária no Estado e a ocorrência de roubos e vandalismo contra os bens da extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal) e da Fepasa.
A malha ferroviária brasileira tem 28 mil quilômetros. A Agência Nacional de Transporte sobre Trilhos (ANTT) estima, porém, que somente 10 mil quilômetros são competitivos. 18 mil restantes são subutilizados ou estão abandonados. Além disso, 90% da malha têm mais de cem anos.
Com o advento da indústria automobilística priorizou-se no Brasil o transporte rodoviário. Vale lembrar que um caminhão transporta até 35 toneladas e um único vagão vale por quatro.
Debate
Economista Marco Josef Barat fala da necessidade de aumentar a participação do modal ferroviário, responsável por apenas 25% do transporte da carga brasileira. Destes, 90% abrangem 10 produtos com predomínio do minério de ferro (75%).
O historiador Ralph Menucci Giesdrecht criticou o modelo de concessão que não exige contrapartidas das concessionárias, como recuperação, ampliação e manutenção da rede. "Antigamente a ferrovia agregava desenvolvimento. Hoje, passou a ser vista como empecilho ao crescimento das cidades", assinalou.
O ex-secretário estadual dos Transportes, Adriano Murgel Branco, defende maior investimento do Estado nas hidrovias e do governo federal, por sua vez, nas ferrovias. Segundo ele, a economia no transporte de cargas amortizaria os investimentos em apenas um ano. (Com assessoria de Ary Costa Pinto)