Marilene Volpatti
Na relação amorosa ser dependente não significa a infelicidade. Quando os dois reconhecem a necessidade profunda um do outro é que atingem a intimidade real.
Quando Denise, 34 anos, divorciada, percebeu que Antonio ainda estava apaixonado pela ex-mulher, foi obrigada a sair do relacionamento. Ficou arrasada achando que precisava muito dele, e se questionava chorando: “O que há de errado comigo? Por que não consigo ser feliz sozinha?”
A medida que se culpava por estar sofrendo com a separação, foi percebendo que havia algo por trás de suas lágrimas: medo de que a dependência do relacionamento fosse sinal de infantilidade e carência. Acreditava que deveria ser capaz de preencher suas necessidades por conta própria.
Assim como Denise, muita gente está dando duro para ser independente, não se sujeitar à ninguém e aumentar o nível da sua auto-estima acreditando que: “Quando gostar de mim mesmo, vou ser capaz de ter uma relação verdadeira”. Para muitos, manter-se em pé sozinho é sinônimo de amadurecimento; depender de outra pessoa para o amor e satisfação pessoal é sinal de fraqueza; amar muito é problema ou primeiro é necessário saber cuidar-se.
Amar não é problema. Muito menos depender de alguém. Mas, também, não é simplesmente uma questão de um cuidar do outro, embora isso às vezes aconteça. A dependência, até na infância, é muito mais que isso. Dependemos dos outros para refletir sobre nós mesmos, para saber como somos, para conhecermos nosso valor. Precisamos de alguém que seja capaz de entrar em sintonia conosco, que nos compreenda e nos aceite como somos. Quando existe dependência positiva numa relação, há confiança, compreensão, amor e aceitação.
A verdade é uma só: ninguém é totalmente independente. Ser auto-suficiente a ponto de deixar de desfrutar de um amor e presença de outras pessoas é tão impossível como tentar viver sem a água e o oxigênio. Necessitamos dos outros para desabrochar e desenvolver nosso potencial.
Uma relação só é feliz quando sentimos que contamos com alguém confiável, que não é capaz de nos magoar ou humilhar atacando nossos pontos vulneráveis. Temos que ser admirados por nossas qualidades e fraquezas.
Saudável
Como um número cada vez maior de pessoas sozinhas busca na terapia a solução para sua infelicidade, a auto-suficiência continua a ser apresentada como a síntese da saúde mental e a resposta para muitas questões de relacionamento. Muitos livros oferecem, como saída para a solidão e o isolamento, a força para viver só. Incentivam a fazer algo assim: “Não depender dos outros para amar e se afirmar, descobrir o que quer, procurar conhecer o interior, ser seu melhor amigo. Só assim estaremos maduros e prontos para o amor.”
Essa visão tem levado as pessoas ao descontentamento. A segurança que adquirimos é construída a partir de uma sólida rede de relacionamentos. Amadurecemos por meio dessas relações, não somente pelas experiências de autonomia e independência. Temos necessidade dessas conexões positivas não apenas na infância ou juventude, mas, ao longo de nossa vidass. Autonomia, auto-realização, auto-estima, isso tudo é desenvolvido nas relações interpessoais.
Declaração
Na relação homem/mulher, ambos necessitam de amor. Então, por que não fazer elogios, dar abraços, presentes, fazer declaração de amor, chamar pelo apelido que só você deu a ela e, ainda, por que não dizer o quanto ela é especial para você. Dê atenção às pequenas coisas que são freqüentemente esquecidas e que irão fortalecer o ego da pessoa amada.
A dependência saudável começa com a tomada de consciência de que precisamos estar conectados com alguém que nos valorize. Dependemos dessas ligações para nos sentir bem. Quando são insuficientes, ficamos carentes, perturbados física e emocionalmente.
Entenda-se que dependência não é carência. A carência vem depois das respostas negativas às nossas necessidades. Quanto mais elas forem ignoradas, mais carentes e mais exigentes nos tornamos.
Os relacionamentos fracassam porque as regras da sociedade forçam a escolha entre ser forte, independente e autoconfiante ou então ser passivo num relacionamento de dependência.
Muito amor
Amar demais não é doença. O forte desejo de expressar e receber amor é saudável, não doentio. O perigo está em se achar dependente demais e tentar baixar o nível das necessidades. Em geral, resulta em dar menos e esperar mais.
Bem-estar e auto-estima não são, de forma alguma, conseqüência de isolamento. Ao contrário, a capacidade de ficar sozinho vem da sensação de ser amado por alguém.
A transformação ocorre quando sabemos do que precisamos, temos consciência que dependemos dos outros para preencher nossas necessidades e estamos dispostos a realizar trocas com o parceiro.
Uma relação saudável é aquela em que as pessoas mantêm um compromisso de trabalhar juntas e se respeitar.
Isso tudo é dependência saudável!
Serviço
Consultoria: Drª Tereza P. Mendes – Psicoterapeuta Corporal – Fone:- 236-9225.