Dirceu C. Gonçalves (*)
A apreensão de três veículos de alto luxo na casa do senador Fernando Collor, cujos suntuosos jardins ajudaram a derrubá-lo da presidência da República em 1992, causa espanto. O que leva um homem público a viver com tanto luxo, quando depende do voto dos miseráveis descamisados para se manter em seu posto? Mas, pior do que a ostentação é o clima que se estabelece na vida política nacional. Collor se diz vítima do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o acusa de práticas criminosas. Dezenas de outros políticos estão na mira das operações da Polícia Federal, todas autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal, em razão do foro privilegiado de que dispõem. Até os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados são apontados como alvos de investigações.
Não era de se esperar outro comportamento da Justiça, nosso último bastião, diante dos informes apurados no âmbito da Operação Lava-Jato, até agora um dos mais volumosos escândalos político-administrativos da Nação, que levou ao cárcere figurões até então tidos como intocáveis tanto pelas suas relações com o poder quanto pelo volume de dinheiro que têm no bolso.
Dinheiro muitas vezes obtido através de fraudes, superfaturamento ou outras falcatruas que lesam o cofre público.
A profilaxia é necessária se quisermos, um dia, ter um país próspero e respeitado. Mas, no momento, o que se verifica é o processo de retaliação onde os congressistas se reposicionam, rompem acordos políticos e criam dificuldades para o governo. No embate, surgem acusações graves de uns contra outros. A justiça precisa, com toda rapidez, montar estratégias para a apuração dos fatos e denúncias paralelas e adotar providências contra os envolvidos e, sendo inverídicas, processar os falsos acusadores. Não devemos esquecer que a corrupção é do homem e não pode, jamais, envolver as instituições.
A crise político-institucional brasileira tem suas raízes na impunidade. Durante décadas falaram-se abertamente sobre esquemas, cartéis, fraudes e uma série de irregularidades, sem que seus praticantes ou acusadores fossem chamados a explicação. Os episódios recentes dos mensalões e da Lava-Jato apontam para um Brasil novo e exigem total apuração. Coisas como o senador Fernando Collor fala do procurador Rodrigo Janot não podem ficar sem apuração para que, apurada a verdade dos fatos, se promova a reparação a quem for a vitima e o apenamento daquele que restar provado como criminoso. Queremos o Brasil transparente, limpo e solidário. Nada mais…
(*) É dirigente da ASPOMIL – aspomilpm@terra.com.br