Numa tribuna, o parlamentar usa seu conhecimento, energia e poder de persuasão para que seus pares votem determinado projeto ou requerimento. Se tiver meia dúzia de eleitores na galeria, o entusiasmo por encanto se triplica. Obviamente com provas mansas e pacíficas faz seu discurso e comove grupos que aspiram sair da base social. Ainda mais com a confiabilidade do plenário. O terreno baldio é a chance de criticar o prefeito, mas, com a presença de um jornalista para ampliar a crítica e mostrar ao povo que ele está sempre antenado para a sua defesa. Os outros jornalistas, nem sempre convidados para o barco “oposição” recebem foto e texto de boa técnica. E quando precisa mostrar que é honesto, passa por cima de companheiro, numa boa. Vai ao promotor público para acusá-lo de roubar telefone ou ter chupado mais balas que os outros. Outra vez, a presença do jornalista para que o povo sinta o quanto ele trabalha, quanto luta pelos elevados interesses da população, mesmo que tenha que “cortar a sua carne”. Dedo em riste, acusa e não perdoa. A sua imagem é construída, em nome da democracia: o poder do povo pelo povo e para o povo. E se por acaso os servidores do Executivo encontram-se insatisfeitos por questão salarial? Dá graças ao seu deus, reúne trabalhadores e amigos do sindicato defronte à sede do Executivo e desfila as palavras de ordem. O povo unido jamais será vencido…
Que maravilha! Do Legislativo ao Executivo, prefeito durante um mandato. Como agiu bem, soube ser amigo dos amigos e leal aos adversários, ganha a preferência e consegue um segundo mandato. Já não tem tanto interesse em continuar com os mesmos amigos, os mesmos objetivos, se estressa e não vê a hora de acabar o pesadelo. O povo tem um cheiro não tão agradável quanto ao tempo de vereador ao alimentar a vaidade. As audiências agora são intermináveis, uma verdadeira penitência. O termo para lembrar-se de movimentos da igreja, onde foi vértebra numa incansável luta contra a classe dominante, principalmente a elite insensível e má. O poder lhe subiu à cabeça, mas, vai descer como tudo como um corpo acondicionado numa urna para a grande transformação.
Ficará um trabalho, o ideal de servir e a lição de que falar é fácil, difícil é praticar a democracia. Encarar como normal o direito do outro pensar diferente.