Humor em corpo presente
Drica Moraes arranca risos nas cenas e nos bastidores de “Alma Gêmea”
Texto: Carolina Marques/PopTevê
O diretor ou autor que escala Drica Moraes numa produção sabe o que esperar da atriz: boas gargalhadas. Mas além do modo muito peculiar de interpretação, Drica costuma ainda amenizar o clima nos bastidores. Nos ensaios, antes do “valendo“, ela consegue extrair do texto uma série de informações que tornam-se adereços para as personagens. É uma piscadinha aqui, um trejeito ali, um caco bem-inserido acolá, que acaba contagiando quem contracena com ela. Não é a toa que a moça é disputada no casting da Globo. Afinal, ela é uma promessa de boas cenas. Como acontece em “Alma Gêmea“, na qual faz a quase atrapalhada Olívia. “Já desconfiava desde o início que ela seria saborosa. Joga em todos os campos, é uma amiga de todas as horas, uma pessoa confiável“, define a atriz.
Na verdade, Drica pouco sabia de Olívia quando foi convidada por Walcyr Carrasco para interpretá-la. Como a parceria dos dois vem de longa data – este é o quarto trabalho da atriz com o autor -, Drica achou por bem se atirar de cabeça na nova empreitada. “É uma relação de extrema confiança. O Walcyr tem um jeito novo de escrever novela. Ele recheia a trama em vez de trabalhar com personagens secundários. Cada um tem uma função muito bem-definida“, avalia ela, que não imaginava o tremendo sucesso que a trama faria. “A gente tem até uma idéia do que pode acontecer ao ver as pessoas envolvidas. Existe aí a direção delicada do Jorginho, um elenco com vontade de acertar, a direção de arte. Mas é difícil saber o que vai ser sucesso”, pondera.
Drica vê no tema principal de “Alma Gêmea“, a reencarnação, um dos pontos altos dessa emblemática identificação do público. “A religiosidade é uma coisa que toca muito as pessoas. Tanto de maneira positiva como negativa“, observa. À margem da questão sobrenatural, a personagem de Drica transformou-se no momento mais relaxado da história. Apesar da sinopse da personagem se aplicar muito bem a uma tragédia – Olívia é uma dona-de-casa aparvalhada abandonada pelo marido que para sobreviver vira uma dona de restaurante – as cenas com a atriz são das mais divertidas. “Tem um olhar meu sobre isso também, de querer conduzi-la com leveza. Acho que nem combina com o horário mostrar uma mulher deprimida, às raias da loucura por causa de uma separação“, justifica a atriz.
Segundo Drica, o ator Malvino Salvador, que faz o cozinheiro Vitório, é também um aliado de peso na hora de construir as cenas. A convivência com atores menos experientes faz a atriz lembrar da própria trajetória na tevê, que começou com a empregada Cidinha de “Top Model“, em 89. Também divertida, a empregada chegou a roubar várias cenas com sua paixão platônico por Fábio Jr. “É bom olhar para trás e ver que a gente conseguiu construir uma história“, acredita.
Nesse mesmo espírito de “visita” ao passado, Drica está podendo conferir de novo um trabalho bastante diferente em seu currículo, sempre cheio de papéis engraçados. De vez em quando ela dá uma espiada em “Xica da Silva“, reprisada pelo SBT, na qual fez a pérfida Violante. “Sinto um misto de emoções. A novela tem coisas muito interessantes, muito anacrônicas também. Foi um trabalho corajoso por mostrar um Brasil mais obscuro“, diz.
Violante foi o único papel dramático de Drica na tevê, ainda no tempo de Walter Avancini na Manchete. Na Globo, por enquanto, a atriz só exercitou a veia cômica. O que não a impede de pensar em futuros trabalhos numa outra linha. “Acho que ainda não pintou oportunidade. Morro de vontade de fazer outra vilã. Só falta o convite“, avisa.