Falar de alguém conhecido, estimado e admirado por toda uma cidade é fácil. Ah, isso não é verdade… por isso mesmo fica muito difícil: aonde vamos encontrar adjetivos para qualificar o relojoeiro e músico Pedro Bonini? Assim, sem os tais adjetivos afirmamos que, neste espaço, o J.A. faz homenagem ao supercidadão que, neste domingo (6 de Agosto), faz aniversário. Passa dos 70 com uma energia espetacular, com ideais e muita vontade de viver, de servir, de se realizar na sua profissão: vende relógio, o qual conhece por dentro e por fora como herança paterna. Aliás, também herdou o dom musical de seu pai Vertuno Bonini. Casado, tem três filhos que estão em seu coração. Como bom italiano ama de seu jeito todo especial, sem muitas palavras. Mas, não consegue estancar uma lágrima quando alguém da família está feliz ou muito triste. Solidário, generoso, camarada que honra a cidade e sua gente escreveu lindas páginas. Com a mesma poesia e carinho com que toca as pequeninas peças de um relógio. Os ponteiros do seu relógio da vida não marcam tempo ruim. Então, vamos conhecer um pouco mais do afável Pedro Bonini?
“Vou começar contando uma parte da minha história. Desde criança trabalhei com o meu pai como relojoeiro. Ele se estabeleceu na Praça da Santa Cruz em 1939. Veio a faltar em 1993 quando assumi a relojoaria tendo permanecido naquela casa comercial até o fim de 2005. Vale dizer, até há pouco tempo… então somos um dos moradores mais antigos daquela praça. Assinamos o ponto a partir de 1 939. Hoje, estou estabelecido na rua São Bento (Galeria Center Três), com a mesma e tradicional relojoaria. E ainda estou tocando. Como disse, era relojoeiro durante o dia e músico à noite. No início da minha história profissional toquei no Clube Araraquarense, com a extinta Orquestra Marabá. Fiquei naquele salões por muitos anos, fiz muitos amigos. Ao depois assumi a orquestra que passou a se denominar “Bonini e seu Conjunto”. Toquei em todos os clubes da cidade, pisei dezenas de palcos por todo o Estado de São Paulo. Mas, oficialmente do Clube Araraquarense.
Melhor Idade
Assoprando a 79ª velinha quero dizer que ainda estamos trabalhando, com a graça de Deus. Nasci em Araraquara no dia 6 de agosto de 1927, casei com a Maria Chad, moça bonita e inteligente que conheci melhor quando estudava no Liceu São Bento (Rua Padre Duarte). Ela era minha vizinha e na escola cruzamos afetivamente o olhar. O casamento foi no dia 11 de novembro de 1951. Estamos completando 55 anos de união, com três filhos bem formados aos quais sempre peço as bênçãos de Deus. Temos quatro netos com saúde e bem formados também. Essa, a minha vida. Bastante comum como a de milhões de outros seres.
Família
grande
Somos uma família de nove irmãos, um deles também conhecido pela destreza com relógio: Vitório Bonini, da antiga Relojoaria Negrão. Outro, oficial do Exército, é aposentado e também foi músico. Tocava comigo na orquestra e relojoeiro também. A família de relojoeiro e estamos aqui contabilizando alguns falecidos. Meu pai sempre foi relojoeiro e músico, segui os passos dele. Minha mãe cuidava de casa e minha esposa também. Sempre exerci as duas profissões, trabalhava durante o dia na relojoaria e, à noite, saía para tocar nos bailes. Era a minha paixão.
Estudei música com o meu pai, sou profissional do relógio com a técnica e dicas que ele me deu. É a seqüência da família.
Humilde e
honesta
Minha família era bem humilde, mas, sempre honesta graças a Deus. Cumpridora de seus deveres. Sou Maçon desde 1955 e continuo na ativa, sou Irmão Emérito da Loja Maçônica Caridade Universal III. É a primeira, a mais antiga Loja da Cidade. Meu avô foi um de seus fundadores.
Mulher
nota 10
Não há companheira melhor, só igual. Ela sempre trabalhou muito em casa, cuidou dos filhos com muito amor. O carinho continua o mesmo, ela é muito generosa, sempre pronta a ajudar com muita disposição. A Maria dá volta por cima, vence os contratempos inclusive doenças. Uma mulher de fibra, bastante compreensiva. Não houve engano no casamento, eu era do jeito que era e continuo a mesma coisa. Ela chega ao ponto de arrumar minhas roupas para apreciar uma orquestra que chega na cidade. Ela sabe que eu tenho paixão por isso. Vou com o seu sorriso e sua energia positiva.
Melhor
tempo
Os melhores anos da minha vida passei trabalhando, num ambiente que meu coração batia forte de alegria: tocando em carnaval, o Sarau do Clube Araraquarense, as domingueiras à noite, tudo foi sagrado durante muito anos. No natal, tarde dançante, enfim, a minha Maria nunca se incomodou. É a Amélia, mulher de verdade.
O meu Sax:
amigo fiel
Eu viajava com a orquestra, tocava sax-tenor que até hoje é guardado com muito respeito e amor. Parei de tocar mas continuo adorando a música. Sou sócio do Clube Araraquarense e de todos os clubes de Terceira Idade. Vou pra lá e pra cá, estou sempre acontecendo, vibrando com a amizade, com o ambiente festivo. E com música então… ah! como é bom viver sem exigir o mundo e o fundo. A felicidade com o que temos e que damos graças. É isso.
Sinto-me
realizado
Eu me sinto realizado, confesso que foi difícil mas chegamos a um patamar gostoso, vida saudável, saúde de ferro e sem enferrujar. Claro, sempre trabalhando com muita energia e vontade de servir o cliente: a pessoa mais importante de nossa loja. Bem tratado, volta sempre.
Quero registrar que pretendo trabalhar muitos anos ainda, pois, me sinto bem, nada me abate. Se roubarem algum objeto, certamente não conseguirão roubar a minha fé. Assim, caminhamos…