O filho da Dona Yolanda (hoje com 96 anos, cercada de bastante carinho), e do saudoso Joaquim Bento Santoro tem duas irmãs: Neusa Therezinha e Maria Isabel. Nasceu em Araraquara (30 de novembro 1944), sentou no banco escolar do tradicional Antonio J. de Carvalho (Praça Pedro de Toledo), ginásio e científico do conceituadíssimo IEBA – Instituto de Educação “Bento de Abreu” e curso superior na Faculdade do Paraná.
Um Professional de extrema capacidade e de coração fraternal, tem uma legião de amigos e admiradores. O seu espírito de cidadania é maximizado e tem na memória arquitetônica de Araraquara um dos seus focos. O outro, a música. Já participou de vários grupos musicais e atualmente comanda programa de MPB na FM da Uniara e da USP, com seleta audiência de gente que curte a produção privilegiada dos anos 60-70.
Na vida pública, batalhou com Clodoaldo Medina e Waldemar De Santi, mas, amplificou sua presença na administração de Roberto Massafera ao responder pela Secretaria de Planejamento. Vale conhecer outros detalhes deste conterrâneo ímpar, uma lição de vida.
“Antes de me formar, o Clube Náutico de Araraquara buscava um Plano Diretor. Vários projetos, dentre os quais o do Eng. Roberto Massafera que nos convidou (eu, o Ronald de Oliveira Costa, o Antonio Alberto Cortez e Edson José Chediek. Ainda estávamos estudando), a fim de elaborar o plano que restou aprovado em 1968.
A nossa formatura foi em 1969 e esse projeto aprovado foi um dos motivos da minha volta para Araraquara.
Estágio de
trabalho
Antes de ingressar na prefeitura, tinha meu escritório próprio e trabalhei na Construtora Nelson Barbieri. Um grande amigo, pessoa maravilhosa, aprendi muito com ele, tinha uma cultura muito grande. Em 1977 entrei na prefeitura, com o Paulo Barbieri. Depois de alguns anos, mudei para São Paulo, mas, continuei com meu escritório aqui. Então, em 1993 quando o Roberto foi eleito me convidou para ser Secretário de Planejamento. No meu escritório trabalho há 38 anos, ininterruptamente.
Projeto do
Náutico até
agora, o que
mudou na
arquitetura?
A arquitetura brasileira desde a década de 40 (um dos mentores é o Oscar Niemayer), é a chamada “arquitetura moderna” que permanece. Nesse intervalo surgiu a arquitetura pós-moderna (resumidamente: uso de elementos antigos na arquitetura moderna. Enfim, uma certa mistura).
Se você perguntar da arquitetura predominante no Brasil, é a moderna ainda. O expoente é Oscar Niemayer e o maior teórico é Lucio Costa.
A memória
da cidade
Pode-se ter arquitetura moderna, pós moderna mas a história tem que ser preservada, o nosso patrimônio histórico. Que hoje pode ser até imaterial, como um canto, uma dança ou uma comida. Mas o material, que são edificações, praças, jardins e ruas acredito ser fundamental preservar porque é a nossa história. É a identidade da cidade, caso contrário todas seriam iguais. A cidade só evolui quando conhece e respeita seu passado…
Respeito à
identidade,
tivemos?
Eu diria que não muito, aliás isso não é privilégio de Araraquara. No Brasil de uma forma geral não se preserva o patrimônio. No caso de Araraquara, os mais famosos: Igreja Matriz e Teatro Municipal deveriam ter sido preservados.
O arquiteto
é caríssimo?
Foi criado esse mito, acho que o arquiteto ainda está aquém das suas possibilidades econômicas. Projeto arquitetônico vale pouco no Brasil. O arquiteto é o profissional formado para fazer um projeto de arquitetura, não o engenheiro. O engenheiro é para fazer calculo, vai fazer elétrica, hidráulica para construir. O arquiteto também pode construir, mas, o principal profissional da construção é o engenheiro. O arquiteto é necessário em qualquer projeto, de qualquer tamanho.
Não dá para
esquecer o
metrô. Houve
erro? Eu acho que sim. De projeto ou de execução. Achei interessante um dos comentários sobre o Rio Pinheiros. Foi retificado e o solo pobre, arenoso. Nesse caso você tem que jogar pela situação pior, menos favorável para se fazer um projeto e executar com muito conhecimento.
Berço de
ouro, não!
Diria que a gente era classe média, família simples. O berço de ouro foi na educação, na cultura, com amigos. Uma vida tranqüila do interior, moleque brincando na rua, tudo normal e feliz.
E o golpe
militar?
Eu me politizei em pouco tempo. De uma Araraquara onde se jogava basquete e saía para tomar cerveja, entrei na Faculdade em 1964. A minha aula inaugural foi com Darcy Ribeiro, dia 8 de março de 1964. No fim desse mês, Darcy saiu fugido do país. O nosso reitor era Flávio Suplicy de Lacerda que assumiu o Ministério da Educação em seguida. Isso tudo me faz passar um filme na cabeça. Tudo foi rápido demais…
Respeito
aos pais
Sempre ficarei em débito com eles. Acho que os ensinamentos não vão sair da memória, jamais. A vida é uma roda-viva, mas, seria ótimo um tempo gigantesco para curtir quem lhe deu a vida e educação.
Que é ter
um amigo?
Amigo é tudo, eu colocaria no mesmo nível de família. Acho que sem família e amigos não conseguiria viver. É algo excepcional.
A música?
Não vou dizer que é o principal, mas, está ali junto com a arquitetura. Amo os dois segmentos, onde tenho grandes e queridos amigos.
Programa
musical
Na Uniara, às quartas-feiras a partir das 22h, é repetido aos domingos às 10h da manhã. Freqüência: FM 100,1
Na Rádio USP, o programa é às quartas-feiras, às 13h e repete aos sábados, 23h. Freqüência: FM 102,1
2007, um
bom ano?
Precisa ser um bom ano para os brasileiros, os anteriores não foram tanto. Os políticos têm um débito enorme por tudo que aconteceu. Espero mais seriedade deles para enfrentar os problemas. O país tem que ir para frente. Que Deus nos ajude!