A menina que se fez mulher, a professora que soube amar… sempre um ser humano capaz de sonhar e ter energia para buscar a consecução das metas: a serviço do semelhante. A sua vida é uma verdadeira oração. No trabalho, com os alunos, na família, no clube, em todos os instantes a conjugar o verbo servir. Maria Martins, mas, poderia ser Maria dos Sentimentos Nobres. Basta ver como entendeu a missão de ensinar e como mergulhou no amor do Sérgio Speranza. Um amor que a “morte” não arranha. Antes, fortalece pela presença espiritual, pela beleza da emoção que transcente ao corpo. Veja, como descreve o marido Sérgio Pedro Speranza que, da cidade, um amigo e líder que soube ocupar espaços com inteligência, generosidade e competência. Deixou muitas lições, aliás, como as que ainda hoje são alinhavadas pela homenageada do Jornal de Araraquara. Aspas para a Maria contar a sua história de vida, uma lição ímpar:
“Nasci em Dourado (SP), 26 de junho de 1933, quarta filha do casal Luccas Martins e Izabel Cellis, brasileiros de origem italiana, tendo mais cinco irmãos. Fiz o curso primário no Grupo Escolar de Dourado e incentivada pela minha mãe me aprimorei nas artes domésticas, através de professores particulares. Mas isso não foi o suficiente, pois, convivendo com o avô materno Micheli, italiano, homem de grande conhecimento, viajei através de suas vivências.
Em 1947 iniciei os estudos no Colégio São Carlos (vizinha São Carlos), no Curso Ginasial e Pré- Normal, como aluna interna (comum na época), e lá permaneci por cinco anos.
Uma grata
passagem
Foi um tempo feliz, orientada por freiras da ‘Ordem Sacratíssimo Coração de Jesus’, onde auxiliava as colegas com maiores dificuldades nos estudos e em todas as demais atividades para as quais fosse solicitada.
Minha verdadeira vocação aflorou: era ensinar, e por isso formei-me em Magistério pela Escola Estadual “Álvaro Guião” (também em São Carlos), no ano de 1 954. Não parei mais de estudar e lecionar.
Trabalhos Manuais, Matemática, Ciências Físicas e Biológicas, Biologia e Artes Industriais, até a aposentadoria em 1987.
Meu lema sempre foi amar e principalmente respeitar meus alunos, sendo eles ricos ou pobres. Em duas Escolas ouvi as mesmas palavras ditas por inspetores de alunos: “Professora, parabéns! Sabemos para qual classe a senhora se dirige. Os alunos a aguardam com respeito”.
Um ato de
carinho
Fui convidada, mesmo após a aposentadoria, para paraninfar turmas de formandos. Lecionei em Araraquara muitos anos principalmente na EE “Bento de Abreu” e EEPG “João Baptista de Oliveira”.
Hoje, encontro meus ex-alunos, em todas as áreas, e sempre sou recebida com carinho.
Vários
cursos
– Curso de Formação Profissional de Professor Instituto de Educação “Dr. Álvaro Guião” de São Carlos.
– Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia. Habilitações Magistério e Administração Escolar. UNIFRAN.
– Curso de Ciências Biológicas Faculdade de Filosofia Ciências e Letras “Prof. José Augusto Vieira”.
– Curso de Artes Industriais- UNAERP.
Grandes
emoções
Paralelamente atuei como domadora, ao lado do Sérgio, no Lions Clube Araraquara Santa Cruz. Nos mais de vinte anos encontramos o mais alto espírito de companheirismo e participamos dos trabalhos desenvolvidos em prol da comunidade.
Nas escolas, procurei desenvolver nos alunos o espírito de amor ao próximo e assim anualmente visitávamos as casas de caridade de Araraquara. Levamos donativos (angariados pelos alunos), com muito calor humano. Lembro da Casa Bhetania, Asilo de Mendicidade e Lar Nosso Ninho.
Fonte de
energia
Regularmente pratico exercícios da medicina tradicional chinesa, desenvolvidos na praça do Parque Infantil. Além do bem-estar físico proporcionam novas amizades e entretenimento.
Lá, as diferenças de idade se confundem, todos são jovens de alma.
A minha
alma gêmea
e família
querida
Ainda criança, encontrei o meu querido Sérgio. É um amor tão intenso que o coloco no presente, mesmo. Tendo o Sérgio partido há seis anos.
Constituímos nossa família querida em 15/07/56. Em Dourado, nasceram meus dois primeiros filhos e a terceira já em Araraquara, para onde nos mudamos em 1962. Vivemos momentos lindos que apagavam imediatamente os difíceis. Lutamos, nos esforçamos para que a noção de respeito ao próximo fosse implantado no coração de nossos filhos: Sérgio (engenheiro Civil, casado com Leila Regina Rossi Speranza, Farmacêutica Bioquímica),
Fernando (engenheiro Civil, bacharel em Direito e Perito Criminal, casado com Silvana Traete Speranza, Assistente Social e Fotógrafa Técnico Pericial), Maria Silvia (médica com especialização em Terapia Intensiva, atuando na UTI do Hospital São Paulo, solteira).
Meus Netos
Lucas e Vitor (filhos do Sérgio), Paula e Pedro (filhos do Fernando). São a alegria do meu viver. A gente dá e recebe muito mais: uma realimentação de sentimentos, de fortes emoções.
Na poesia
a tradução de
minha’alma
Não Sei
(Cora Coralina)
“Não Sei…
Se a vida é curta ou longa
Demais para nós
Mas sei que nada do que
Vivemos tem sentido,
Se não tocarmos o coração
das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta, nem
Longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura…
Enquanto durar”.
Rugas
(Lúcia N. Emetrice)
Frente ao espelho, com cuidado,
Analiso cada ruga de meu rosto.
Cada ruga é algo que aprendi,
Mas também o que sorri,
O que sonhei, o que venci.
São caminhos
Que a vida percorreu
em minha vida.
Abençoada seja cada uma
das rugas de meu rosto.
Elas são tudo aquilo que vivi.
Meu marido
é nome de
escola
Sérgio Pedro Speranza (1 931 a 2 000), nomina a Escola Estadual situada no Parque São Paulo, hoje com quase mil alunos da 5ª série ao 3ª colegial. A direção do estabelecimento, num gesto de extrema delicadeza, convidou-me para paraninfar a primeira turma de formandos do Curso Colegial do ano 2004, enaltecendo assim, mais uma vez, o Patrono da Escola.
Foi uma homenagem, verdadeiramente feita com carinho. Foi o único motivo, senão o maior, que sensibilizou o então deputado Estadual Dimas Ramalho a propor seu nome para tão grande casa.
O motivo? Simples… seu escritório era visitado pelos amigos, sem distinção de ideologia. Todos eram recebidos e abraçados com a mesma ternura. Dele, todos receberam palavras encorajadoras e elucidativas.
Atuava nas áreas de Educação (como professor), na de Direito (como advogado) e na Política de onde sempre dizia: “não devemos criticar um Partido Político, se aceitamos suas diretrizes; precisamos saber excluir os maus elementos que o deturpam”.
A família Speranza, procura sempre estar presente na Escola que a cobre de orgulho”.