Eles entram no meu filme

Elza Pimentel nasceu no dia 22 de setembro de 1931, num sítio humilde chamado Córrego da Abelhas, próximo a cidade Cedral. Seus pais, Frederico Bessegato e Palmira Lacodikck unindo seus sonhos, mudaram-se para outro lugar, chamado Bom Jardim. Ali, aos três anos de idade, Elza se deu conta de que era um ser e que existia. Acompanhou seus pais na luta pela vida, o que não foi fácil, pois, suas condições financeiras não eram das melhores. Aos dez anos de idade já carregava uma enxada nos ombros e ajudava seus pais na roça. A percepção da grandeza das coisas e do mundo fez com que acreditasse em algo melhor pela vida.

Depois de morar em muitos lugares pequenos, o destino a trouxe para nossa Araraquara, onde criou suas raízes. Cheia de vontade, ingressou na Escola Profissional depois de cursar o primário, formando-se no ano de 1947. A vida foi se modificando pra melhor e o ano de glória para sua existência foi quando conheceu o seu grande amor e companheiro, Antonio Pedroso Pimentel, que tinha acabado de ser contratado como jogador profissional de futebol para atuar na equipe da Associação Ferroviária de Esportes. Sua vida tomou gosto de festa com essa união abençoada por Deus no dia 24 de dezembro de 1952. Casaram-se tiveram três filhos: Elanira, Heraída e Heraldo que lhes deram novas alegrias.

Mas, em 2000 veio a separação. O amor de Elza partiu, deixando essa vida recheada de preciosidade, no trabalho, na dança, nos shows, ficando sua marca acentuada. A vida é linda, mas, para a morte existe apenas uma porta entreaberta, sem chave, fácil de ultrapassar para o reencontro de uma vida perene.

Vale a pena conhecer um pouco mais dessa artista araraquarense, casada com o Pimentel que deu tantas alegrias a AFE (seu irmão Lealdino foi chefe do movimento da saudosa EFA, time que fez nascer a equipe afeana de muitas glórias).

“Uma menina sonhadora… bem menina já sonhava esta vida maravilhosa que Deus me deu. Eu morava em fazenda, quase como uma índia no meio do mato, vida simples e saudável. Pensava em realizar meus sonhos, tanto que no meu livro de poesias tenho uma que fala assim “sonho de menina”. E o sonho veio a se realizar adulta ao sonhar com esse meu príncipe encantado. Era solteira e tinha o footing na rua 3. As meninas iam passear e flertar. Como eu sonhava, as outras moças também a fim de encontrar alguma coisa maravilhosa. Um dia, passeando no footing com minhas amigas eu vi meu príncipe, só faltou o cavalo branco porque ele estava ali, maravilhoso, lindo. Falei… nossa! ele está aqui, o sonho de menina está aqui? Começou a conversar, o nosso namoro deu certo. Pouco tempo de namoro casamos e tivemos a nossa vida abençoada.

Ele tinha ansiedade

para chegar na cidade

Ele era jogador da Ferroviária. Ele disse que também dentro dele tinha uma ansiedade de vir para Araraquara. Parecia que alguma coisa puxava para cá. Falaram que Araraquara tinha moças bonitas, então ele ficou muito curioso para realizar o sonho dele. A gente teve uma vida maravilhosa: luta, trabalho e dentro das nossas vidas eu vi uma coisa muito preciosa, a dança. Os primeiros anos de casada foram difíceis.

Viver a noite

do que o dia

A preciosidade de encontrar amigos nos clubes, tudo fez a gente se dedicar à dança.”Me ensina a dançar, vocês dançam tão bem”, foi assim que tudo começou…

Daí a uns anos veio o tango aqui em Araraquara através de uma professora espanhola (Bina) e a gente ficou interessada em também aprender e hoje ensinamos para muita gente. Claro que fomos buscar conhecimento até em Buenos Aires…

Saudade…

tristeza

Ao lembrar disso tudo fico triste devido a perda do Pimentel em 2000. Essa mágoa convive até hoje. Sinto que ele ainda continua do meu lado, me dando essa força para que meus dias continuem sendo bem maravilhosos, floridos e com bastante energia.

A minha família

Deus me deu uma família maravilhosa, filhos saudáveis, filhos inteligentes e felizmente de uma personalidade única. São pessoas normais, sem problemas nem comigo e nem com amigos e nem com as pessoas que nos cercam.

A minha dança

Continuo com o meu grupo dando os meus shows, apesar da idade que esta lá no meu registro marcadinho. Mas, aqui tem uma mulher que considero forte, que gosta de viver pensando o lado maravilhoso da vida tendo sempre apoio de amigos, de alunos.

Os bons amigos

Amigos que encontrei por este mundo afora, graças a Deus, são sempre de uma bondade, de um carinho… me dão apoio como os meus alunos. Vivo para eles e os bons momentos. Assim, o trabalho para mim tem sido muito importante. As apresentações que faço no teatro, todo ano (agora vai ter uma 21 de outubro no Sest/Senat. Vamos levar o show pra lá e depois dia 18 de novembro show beneficente no asilo. Faço esse show beneficente com muito carinho, mais que se eu tivesse que ganhar alguma coisa).

Meus pais

na roça

Eles tiveram um trabalho braçal onde eu, até meus 11 anos de idade, também fiz essa vida. Mas sonhei o sonho da mudança, da transformação, fui feliz. Aliás, sou feliz…

Os lugares por onde passei

Morei aqui em Tutóia, morei no Bom Jardim, lugares pequenos mais foi aqui em Araraquara que a gente fez uma faculdade.

Recado para quem

tem mais de 50

Eu fui pobre, não tive estudo eu não tive um suporte financeiro. Mas, neste mundo não existe pobreza, existe pouca vontade de viver bem. Porque se você tem uma meta, traça um caminho com dificuldades mas com boa vontade, você chega lá. Trilhar um caminho, com todas as condições financeiras porque meu pai teve dinheiro, a gente acaba não dando valor à vida. Assim, sonhe e realize: com trabalho e garra.

Valorizar o ser humano

Para mim, o ser humano tem que ser honesto, ter muita dignidade. O ser humano completo é aquele que une o seu carinho, a sua atenção e o seu respeito em primeiro lugar.

A vida continua, claro que

isso tudo é uma passagem

Eu sonho, ao deixar esse mundo, me encontrar com o amor da minha vida. Por isso, escrevei Aos campos de caça eternos:

De repente as luzes se apagaram

Como uma pintura envelhecida

Presa na moldura desta vida

Seus pedaços espalhados pelo chão

Em um canto da parede desbotada

Uma folhinha velha pendurada

Uma data estava marcada

Marcando a dor da solidão

Foi ontem, hoje ou agora

Que importa se a natureza chora

Se tudo perdeu seu encanto

Eu no silencio do meu canto

Espero o reencontro do amor

Deixei-te na tarde dormindo

Entre flores murchas despencadas

Nos meus olhos uma lágrima congela

Umidece minha alma sofrida

Nem a distância do tempo retorcido

Apaga a chama da paixão

Ajoelho-me diante do tempo

Entre os pequenos pedaços coloridos

Refaço o retrato desta vida

Espalhado ainda pelo chão

A alegria de olhar para trás

Ouço o tilintar dos acordes dourados

Sinfonia de ritmos variados

Traz de volta o meu amor

Sei que não estou sozinha

Abro as portas dos campos

Onde abriga o caçador

No meu peito aberto um soluço

Que rasga a mata estonteante

Mais um pouco ali, não distante

É um triste canto, o rouxinol!

Seu canto esperançado me aconchega

Abre as portas desta vida de repente

Como uma fera enraivecida

Caço meu amor na escuridão

Os tropeços que encontro nesta estrada

Seguindo por atalhos tortuosos

Entre tantas águas tão profundas

Encontrarei o caminho mais curto

Armada da união de nossas vidas

Levarei para o meu mundo colorido

A eterna flecha do amor

Quem não olhar a vida de frente não sabe

O que é o amor.

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