Eles entram no meu filme!

Nesta edição, se deixássemos o prolixo e emocionado coração falar certamente seriam tomadas todas as páginas. Não que a filha do Salvador Pedro Antonio e Palmira Baroni não mereça. Pelo contrário, mas, queremos evitar a redundância. Quem não conhece Cecília: a mãe, a mulher, a companheira, a guerreira, a fonte que brilha e jorra força dadivosa, a diretora do tradicional e querido O Imparcial que vive para escrever a história da cidade e se constituir num elo fraternal entre sua gente?

Assim, desejamos pinçar uma tarde da década de 70 quando o sofá da redação recebeu o poeta Vinícius de Moraes e seu companheiro de todas as horas, Toquinho. Batemos um papo sério, enquanto o poetinha sorvia um litro de Chivas do Paulo Silva. Então, dessa fonte generosa que soube como ninguém cantar o amor, emprestamos palavras sábias para destacar a importância de um amigo, no caso, de uma amiga espetacular que quando chegamos perto temos vontade de ficar a fim de falar sobre a construção de muitas páginas, todas de cada estágio tecnológico de um veículo que, ao longo do tempo, sempre recebeu seus colaboradores como se fossem uma extensão da família Silva. Feliz de quem aprendeu com o atencioso Paulo, ganhou café, bolo e o colinho da Cecília com o respaldo do Paulinho, Tadeu, Zé e Toninho. Ah, que tempo minha amiga…

“O meu pai Salvador Pedro Antonio veio da Itália com 4 anos. A família foi para Matão… comprou terras, ele ficou lá até se casar com a minha mãe Palmira Barone, uma família de Matão. Eles foram para Silvânia onde montaram uma Fábrica de Cerveja e um Empório de Secos & Molhados. Ele partiu para comprar terras, a Fazenda Água Azul onde os filhos cresceram. Foi lá que nasci, fiquei na Água Azul até 6 anos (fazenda perto do Chibarro).

Cidade

Aí quando os filhos cresceram, em idade escolar meu pai veio para Araraquara. Ele tinha outra fazenda de café, vendeu. O negócio dele era café e transacionar no Porto de Santos.

Somos em 8 irmãos, 4 homens e 4 mulheres: Orestes, Abílio, Danúncio, Iolanda, Idalina, Amélia, Cecília e Antonino.

Escola e

casamento

Eu estudei no Antonio J. de Carvalho, depois o São Bento dirigido pelo Prof. Walter Medeiros Mauro. Após, me casei no dia 24 de julho de 1 950. No dia de São João, na Matriz de São Bento com a celebração litúrgica do Cônego Storniollo.

A minha

infância

Foi maravilhosa, uma infância feliz numa família enorme. Sempre com muitas emoções rodeada de carinho e atenção.

Namoro

Eu encontrei o Paulo Silva ao tempo da Escola São Bento. Depois das aulas passei pela casa dele, ele estava na janela entre av. Feijó e José Bonifácio. Foi naquele prédio que nos conhecemos e começamos a namorar, namorei 4 anos. Teve todo aquele cerimonial, você tinha que conhecer a família toda porque o casamento não era somente com o Paulo. E minha família também tinha que conhecer bem a família do meu namorado. Aquela coisa antiga, mas que me fez muito feliz. Ficamos casados durante 46 anos e tivemos os nossos 4 filhos.

O cheiro

da tinta

O ‘Seo’ Antônio tinha o jornal, quando soube disso tive curiosidade para ver como era feito. O meu sogro trabalhando com tipos de madeira e fazendo um jornal praticamente artesanal. Naquela época a máquina impressora era acionada por uma roda. Daí surgiu esse gosto pelo jornal, eu ficava ajudando na redação. O Paulo Silva, quando de nosso casamento, trabalhava no Serviço Especial de Saúde, ficou muito tempo no SESA até ir ao Rio de Janeiro para um curso de estatística. Logo após, o Paulo ingressou na Delegacia de Saúde para trabalhar como Dr. Thiers Ferraz Lopes. Mas, nunca deixou o jornal. Ele tinha horário disponível para escrever, fazer as reportagens, mas, na direção era o ‘Seo’ Antônio.

Sogro-diretor

O jornal ganhava interesse, surgiram as linotipos instaladas ainda na Rua Padre Duarte. Paralelamente começou a construção do prédio da José Bonifácio, 715. Quando chegou na primeira laje o ‘Seo’ Antônio teve problema no pulmão e faleceu na cirurgia.

O Lúcio e o Paulo assumiram e modificaram o jornal. Nessa época eu não estava totalmente no jornal porque cuidava da Dona Mariquinha… como brinquei no começo, naqueles tem[pos a gente se casava com toda a família do noivo. Ela morou comigo por muito tempo, doente e carente de muita atenção.

Impressora

Uma evolução, o jornal adquiriu uma impressora plana. Menos força e maior nitidez. E depois chegou a impressora com ‘telha’de alumínio aliando rapidez e eficiência. Era um sistema subordinado ao chumbo, da linotipo à impressora. Até que mergulhamos na modernidade com programas de computadores e rotativas para impressão em cores.

Mas, qualquer que seja o maquinário o jornal continua sendo movido com idealismo e o lucro são as amizades e a certeza de participar do desenvolvimento de nossa terra. Sempre com meus muitos filhos batalhando dentro dessa filosofia de servir”.

Uma data festiva

No desfile de 22 de Agosto, invariavelmente o Paulo Silva chegava ao palanque oficial com muitos jornais. Hoje, a gente entende bem mais o seu prazer e orgulho ao apresentar o fruto do trabalho da família d’O Imparcial. Nesta edição de 22 de Agosto, o J.A. traz um pedaço nobre deste veículo pioneiro e valente que faz parte da história de Araraquara: Cecília, a mulher de verdade! A bênção minha bela e querida amiga. Um beijo neste coração de extrema generosidade e compreensão. Que Deus lhe ilumine em todas as horas… e obrigado mesmo. (Da editoria social)

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