Efeitos colaterais do trabalho remoto

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José Renato Nalini (*)

O “home-office” existe há muitos anos. O país campeão na utilização da sistemática foi a Índia. Ali, os estudantes desde cedo iniciam-se na vida digital e assim conseguem excelentes ocupações. A Índia fornece textos bem elaborados com sínteses de livros, resenhas, traduções, tudo para servir aos americanos. Universidades, entidades e pessoas físicas se utilizam do trabalho indiano.
Ali, a remuneração é por produtividade e aqueles que se dedicam podem ganhar substancialmente mais do que os que ainda se locomovem para trabalhar na sede da empresa. Tanto que os funcionários obrigados a comparecer reclamam porque se consideram menosprezados.
A lição hindu pode servir para a reflexão brasileira no pós-pandemia. Nem acabou ainda a cepa Delta e setores apressam-se à volta dos funcionários, como se tudo estivesse bem e não pairasse a ameaça de nova contaminação em massa.
O trabalho remoto, para setores como a Justiça, é uma benção. Basta verificar o número de decisões proferidas, de despachos de andamento, de conciliações obtidas, de processos terminados. Para o Judiciário, o trabalho remoto é uma benção, não uma maldição. Essa experiência deveria motivar o comando da Justiça para instituir de vez essa modalidade. Congregar muitos funcionários no mesmo espaço vai significar aquela perda de tempo considerável. A necessidade de se trajar adequadamente, de tomar uma condução, de parar para as refeições. Sem falar nas conversas, na consulta às redes sociais, tudo aquilo que pode ocupar um lapso temporal que, em casa, seria investido na pesquisa doutrinária ou jurisprudencial, na elaboração de minutas e outras tarefas.
Adicione-se a economia que se faz em energia elétrica, o alívio no trânsito, que infelizmente durou pouco. É uma contribuição significativa para mitigar os efeitos dos gases formadores do efeito-estufa, um desafio que até agora não mereceu qualquer providência séria no Brasil.
Na verdade, o trabalho remoto deveria ser mantido e expandido. Com formidável economia em alugueres de imóveis, sem qualquer prejuízo para a produtividade. Os efeitos colaterais do trabalho à distância, no Brasil, são benéficos e hábeis a inspirar os responsáveis por um equipamento estatal sempre criticado. E depois do “home-office”, tão elogiado pela maioria dos seus usuários.

(*) É Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Presidente da Academia Paulista de Letras – 2021-2022. (Imprensa Renato Nalini – e-mail: [email protected])

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