(Editorial) Dispensa precoce das máscaras?

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Foto: Freepik

As pessoas ficaram cansadas do uso de máscaras. Pandemia virou sinônimo de restrições de várias ordens: ficar em casa, longe dos amigos e família. Enfim, totalmente fora da rotina.

Araraquara sofreu o lockdown mais rigoroso do País. A despeito de ter sido elogiado por vários médicos e autoridades sanitárias, o efeito foi devastador para economia local: muitas pequenas empresas fecharam suas portas. Lojas que faziam parte da história da cidade, também, faliram.

Aos poucos, a vida volta ao normal, mas fazendo valer a cautela e cuidado preventivo no que se refere à saúde pública, claro. Ao menos, isso seria o esperado. No entanto, de repente – com ânimos se aquecendo em função das eleições -, até o uso de máscaras em locais fechados foi retirado. Sobraram pouquíssimas exceções, na verdade.

Araraquara seguiu orientação do governo estadual de São Paulo, com levantamento amplo da imposição de uso de máscaras. Nesse ponto, vemos uma conduta contraditória por parte de Araraquara: a cidade foi exemplo na pandemia em medida nitidamente restritiva com graves consequências econômicas – porque fez valer cuidado preventivo com a saúde pública em voz alta -, mas, agora, deixa de exigir máscaras, que, convenhamos, não impactam negativamente a atividade econômica local. Qual o sentido disso?

O que se queria, com lockdown, era proteção da saúde ou provocar uma queda do nível econômico da cidade? Pergunta soa absurda, sabemos. Mas, se a preocupação primária era o cuidado com a saúde pública, por que, agora, mesmo diante de tantas incertezas sobre futuro próximo da covid, não mostrar a mesma preocupação cautelosa em prol da saúde pública?

Logo após notícia de que a cidade seguia o Estado na liberação ampla de uso de máscaras em locais fechados, publicamos (no sábado, 19 de março) nossa opinião em nossas redes sociais e site. Observamos que a liberação ampla de máscaras não se justifica diante de notícias recentes: grande aumento de mortes em Hong Kong; aumento, considerando as últimas semanas, de mortes em países europeus, já como consequência da liberação de uso de máscaras naqueles locais; por fim, a Fundação Oswaldo Cruz, em seu boletim de 11 de março passado, classifica o relaxamento de uso de máscaras como prematuro.

Positivamente, para nossa surpresa, na última terça-feira (22 de março), a Prefeitura informou exigência de máscaras nas escolas da cidade (criando uma exceção dentre as poucas existentes). Ocorre que isso demonstra necessidade óbvia de bem cuidar das crianças, ainda, não vacinadas. Mesmo tipo de atenção que os idosos estão pedindo, enquanto são dadas as doses de reforço e se aguarda, possivelmente, a quarta dose.

Mas, então, se existe necessidade de olhar mais atento a parte da população, isso não significa dizer que a dispensa de uso de máscara pelo Estado (e acompanhamento pela Prefeitura) foi apressado? Por isso, enviamos a seguinte pergunta para assessoria de imprensa do Executivo:

“Diante da restrição local determinando uso de máscara nas escolas (portanto, reconhecendo fragilidade das crianças), não teria sido mais coerente a manutenção para todos do uso de máscaras em locais fechados? Afinal, de que adianta determinar uso nas escolas e liberar nos cinemas e comércio de um modo geral?”

Não recebemos resposta até fechamento da edição. De nossa parte, defendemos, nesta fase da pandemia, permanência do uso de máscaras em locais fechados, como medida simples de bem cuidar (preventivamente) da saúde pública; evitam-se, afinal, mortes e qualquer risco futuro de novo lockdown com repetição de prejuízo mortal a nossas empresas.

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