E por falar em arte…

Ernesto Lia (*)

O assunto, que nos traz hoje aqui, é antigo e recorrente. É o debate de idéias sobre arte.

Alguns amigos e pessoas ligadas à imprensa manifestaram interesse em conhecer novas idéias sobre cultura e, mais especificamente, sobre as mais belas tradições das artes plásticas.

Não fugimos das indagações que sempre nos são dirigidas. Mas, seremos útil aos interlocutores?

Impossibilitando, como ser humano, de cobrir todo o domínio da arte, nos deteremos a fazer algumas reflexões sobre as dificuldades relativas à preservação do patrimônio cultural, à preservação da arte, do belo.

O assunto está adquirindo status de urgência, na medida em que se avolumam os problemas de falta de uma consciência coletiva sobre o papel da arte em nossa história. A desconsideração de alguns dos sintomas que sinalizam na direção de riscos, leva à maximização de questões que poderiam ser superadas. Acreditamos que na impossibilidade de suprir todas as necessidades surgidas, deve ser estabelecida uma escala de prioridades que, a nosso ver, colocaria em evidência a educação e a cultura; esta em sua variadas formas de manifestação, nas quais se destaca a arte pelo inquestionável papel que desempenha como coadjuvante no processo educacional.

A vida, para nós, além de seu sentido ético, deve também ter um sentido estético, de culto ao belo. Ao lado da poluição ambiental, que vem se agravando de forma acentuada, sofremos, ainda, os efeitos da poluição visual. Esta também se acentua, pela falta de respeito às tradições culturais, prejudicando nossa sensibilidade estética e fazendo com que nos acostumemos com aquilo que afronta os padrões de beleza, ignorando critérios artísticos.

A história, grande mestra, nos mostra a importância do uso da palavra colere pelos romanos, com o sentido de cultivar os meios através da matéria com o que pretendiam valorizar o que é naturalmente belo. Isto nos lembra a necessidade de refletirmos sobre o sentido da obra de arte. Ela representa a livre expressão da mentalidade de um povo, em determinado contexto. A história pode ser contada através das suas manifestações. A interpretação da obra de arte é tema dos mais polêmicos do qual não podemos nos esquivar.

Os artistas, ao reproduzirem a realidade protejam seus valores na vida futura, de se tempo, de seus sentimentos, e de suas angústias. Sua obra fala por si.

Coubert, pintor francês do século XIX, já dizia: “eu sou o intérprete de mim mesmo”.

(*) Em colaboração com o JA.

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